Minha mãe sempre diz que eu sou cavalo de Ogum! – A informação foi dada nem ele mesmo sabia por quê. A bela mulher cravou-lhe olhos sobre e falou com uma voz rouca que não disfarçava um leve sotaque:
- Adoro Ogum, orixá guerreiro!
- Ah! Eu também gosto muito – mentia para agradar, não tinha afinidade alguma com nenhum orixá – Só não sei se gosto de ser cavalo de alguém...
- Bobinho é só um modo de falar. Os antigos diziam que os orixás cavalgavam seus médiuns, por isso a associação com o cavalo.
Benê não estava ouvindo nada, observava a linda mulher a sua frente. Negra, alta de corpo perfeito contava ainda com dois atrativos que o surpreenderam. Os olhos de um verde infinito e os cabelos que caiam em cachos louros pelos ombros.
Fazia apenas duas horas que a conhecera. Sua mãe fizera de tudo para que ele fosse ao terreiro da mãe Nininha com ela, mas ele não gostava. Cada vez que ia somente ouvia sermões – Desenvolva! Acerte sua vida! Seus orixás querem trabalho! – Não queria. Hoje não. Alegou compromissos e mesmo sem ter marcado nada com ninguém apareceu no salão.
Como era de se esperar não havia nenhum conhecido. Sentou-se junto ao balcão e tomando uma cerveja, passou a apreciar os casais que dançavam. De repente um samba explodiu nas caixas de som. No meio do salão ela surgiu, negra, linda, loura, suntuosa. .A partir desse momento não conseguiu mais despregar os olhos daquela visão. O samba parecia ter sido composto para ela, cadenciando cada requebro do quadril generoso. Por duas vezes ela piscou-lhe deixando-o embasbacado.
Apresentaram-se ao final da música. Irma, esse era o nome da linda moça. Sem ter idéia de como o assunto começou Benê contou que estava ali fugindo de ir ao terreiro.
- Você não devia fazer isso meu querido! Se é obrigação temos que cumprir! – o sotaque o deixava em suspenso cada vez que ela falava. De onde seria? – Eu sou Yalorixá e se estou aqui hoje me divertindo um pouco é porque não tenho compromissos no terreiro.
- Eu gosto, acho bonito, mas não consigo acreditar nesse negócio dos santos virem a terra para ajudar alguém, parece conversa fiada.
- Querido você está muito enganado. Se eles não estivessem sempre junto de nós, você acha que estaríamos aqui em um salão de baile discutindo a respeito deles sem ao menos nos conhecer direito?
Passaram duas horas conversando, Benê tinha certeza que sairiam dali para o motel. Ledo engano a moça só queria falar de santos, orixás, obrigações. Na hora da despedida ela o surpreendeu, queria caminhar. E lá se foram pelo caminho sem mudar o assunto.
De repente ela parou:
- Vou ficar por aqui!
- Como? Aqui não tem nada é só um terreno abandonado...
- Mas é aqui que eu fico meu querido! Correu para o descampado, rodopiou fortemente e gritou, um grito profundo e cortante, antes de sumir no ar - Hei!
Benê ajoelhou-se no meio da rua e entendeu tudo, tinha passado algumas horas com Iansã guerreira. De sua garganta uma louvação rouca surgiu:
- EPARREI OYA! SALVE MINHA MÃE!
- Adoro Ogum, orixá guerreiro!
- Ah! Eu também gosto muito – mentia para agradar, não tinha afinidade alguma com nenhum orixá – Só não sei se gosto de ser cavalo de alguém...
- Bobinho é só um modo de falar. Os antigos diziam que os orixás cavalgavam seus médiuns, por isso a associação com o cavalo.
Benê não estava ouvindo nada, observava a linda mulher a sua frente. Negra, alta de corpo perfeito contava ainda com dois atrativos que o surpreenderam. Os olhos de um verde infinito e os cabelos que caiam em cachos louros pelos ombros.
Fazia apenas duas horas que a conhecera. Sua mãe fizera de tudo para que ele fosse ao terreiro da mãe Nininha com ela, mas ele não gostava. Cada vez que ia somente ouvia sermões – Desenvolva! Acerte sua vida! Seus orixás querem trabalho! – Não queria. Hoje não. Alegou compromissos e mesmo sem ter marcado nada com ninguém apareceu no salão.
Como era de se esperar não havia nenhum conhecido. Sentou-se junto ao balcão e tomando uma cerveja, passou a apreciar os casais que dançavam. De repente um samba explodiu nas caixas de som. No meio do salão ela surgiu, negra, linda, loura, suntuosa. .A partir desse momento não conseguiu mais despregar os olhos daquela visão. O samba parecia ter sido composto para ela, cadenciando cada requebro do quadril generoso. Por duas vezes ela piscou-lhe deixando-o embasbacado.
Apresentaram-se ao final da música. Irma, esse era o nome da linda moça. Sem ter idéia de como o assunto começou Benê contou que estava ali fugindo de ir ao terreiro.
- Você não devia fazer isso meu querido! Se é obrigação temos que cumprir! – o sotaque o deixava em suspenso cada vez que ela falava. De onde seria? – Eu sou Yalorixá e se estou aqui hoje me divertindo um pouco é porque não tenho compromissos no terreiro.
- Eu gosto, acho bonito, mas não consigo acreditar nesse negócio dos santos virem a terra para ajudar alguém, parece conversa fiada.
- Querido você está muito enganado. Se eles não estivessem sempre junto de nós, você acha que estaríamos aqui em um salão de baile discutindo a respeito deles sem ao menos nos conhecer direito?
Passaram duas horas conversando, Benê tinha certeza que sairiam dali para o motel. Ledo engano a moça só queria falar de santos, orixás, obrigações. Na hora da despedida ela o surpreendeu, queria caminhar. E lá se foram pelo caminho sem mudar o assunto.
De repente ela parou:
- Vou ficar por aqui!
- Como? Aqui não tem nada é só um terreno abandonado...
- Mas é aqui que eu fico meu querido! Correu para o descampado, rodopiou fortemente e gritou, um grito profundo e cortante, antes de sumir no ar - Hei!
Benê ajoelhou-se no meio da rua e entendeu tudo, tinha passado algumas horas com Iansã guerreira. De sua garganta uma louvação rouca surgiu:
- EPARREI OYA! SALVE MINHA MÃE!
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