quarta-feira, 24 de junho de 2015

Já fazia aproximadamente muitos anos que aquele médium assistia ao Pai Benguelé trabalhar naquela casa, afinal ele começara sua caminhada espiritual pelas mãos daquele pretinho, e toda a sua coroa foi se revelando pelos desenvolvimentos ministrados por ele, um após outro. E foi exatamente por conhecê-lo e saber da alegria daquele velhinho trabalhando é que o médium estranhou ao lhe ver taciturno. Muito timidamente se achegou ao velhinho que ao perceber a sua chegada falou mansamente, chega cá fio, dá um abraço nesse nego véio. Ao se ajoelhar ele percebeu a tristeza que se estampava na face espiritual do bom velhinho e lhe perguntou: Meu pai, eu nunca vi o senhor dessa maneira, externando tamanha tristeza, o que lhe acabrunha? E o velhinho com os olhos marejados acaricia a cabeça daquele filho que sempre esteve junto a ele em todos os trabalhos mais importantes da casa, de demandas, de saúde e muitos outros, com candura começa a falar ao médium: Fio o que Nego Véio está sentindo é algo muito profundo, foi se formando ao longo de muito tempo, e por mais que esse Véio avisasse ao meu Cavalo ele não consegue mais ouvir as minhas palavras, tudo tem se perdido no vento. Toda aquela preocupação que meu fio tinha em cuidar de cada médinho separadamente, cada um com o seu carma, cada um com o seu problema, foi abandonada, totalmente esquecida, hoje meu fio trata tudo como se fosse um balaio de gato, como se todo mundo fosse iguá, todo mundo fosse fio do mesmo Pai e da mesma Mãe . E aí o que acontece? Meus fios tão cheios de quizila, marido e muié se separando, abandonando seus fios, irmãos de sangue em contenda e na casa a lei e a doutrina de Zambi e da Umbanda não está sendo cumprida. As entidades da casa revela aos fios que vem em busca de ajuda, que as coisas que estão acontecendo na vida deles é por causa da sua missão espirituá e que eles precisam botar roupa branca e cumprir com essa missão, explica que eles precisam se desenvolver para que os seus santinhos possam chegar e prestar caridade, que precisam de estudo para facilitar essa caminhada e para meus fios saber separar o joio do trigo, afastando os zombeteiros, a mistificação e o animismo e que sem isso meus fios serão presas fáceis para qualquer obsessor, fazendo com que meus fios deixem de cumprir com as regras estabelecidas pela espiritualidade e que deve ser respeitada. Aí os médinhos entram pra casa, e na primeira semana eles até cumprem com as regras, mais a partir daí eles começam a declinar, inventado desculpas para não cumprir com as obrigações da casa, que não tem tempo, que é o trabaio, que é o estudador. Aí eles acabam indo somente no trabalho em que eles podem ser usados, nas sessões, justamente onde eles se deixam arrastar pelos desejos incontidos, até então freados, querendo beber, querendo fumar, pegando tudo que lhes vem a cabeça, com home querendo ser muié e muié querendo ser home, com a coluna curvada de tanta guia, uns querem chegar fantasiados, muitos nem tomam seus banhos de ervas, e quando chegam na casa, ao invés de se concentrar, de mentalizar seus mentores, eles discutem e riem em altos brados, abrindo seus espaços para entrada do lixo espiritual que busca espaço naqueles que ainda se encontram fragilizados. E aí, o que faz meu cavalo? Coitado ele ta tão preocupado com as festas, com os quitutes, com os convidados, com a quantidade que ta entrando e nem repara os que tão saindo, alguns pior do que quando entraram. Então o que Nego Véio tem que fazer depois de tanto falar? Deixar meu fio caminhá com seu livre-arbítrio, destruindo em anos o que a espiritualidade construiu em séculos, é muito triste e só resta a Nego Véio a esperança que meu fio volte a enxergá, que afaste do seu caminho a vaidade, o orgulho e o egoísmo e lembre do trato que ele fez com esse preto há tanto tempo. Quanto a suncês Nego Véio espera que se unam cada vez mais em amor para com o próximo como disse Jesus, caridade a cada dia, de pensamentos e de obras, cada um tira a trave em seu próprio olho e deixa que Pai Benguelé tira a trave do olho desse fio cego. Perdoa Nego Véio meus fios. Fonte GRUPO POVO DE ARUANDA


Já fazia aproximadamente muitos anos que aquele médium assistia ao Pai Benguelé trabalhar naquela casa, afinal ele começara sua caminhada espiritual pelas mãos daquele pretinho, e toda a sua coroa foi se revelando pelos desenvolvimentos ministrados por ele, um após outro. E foi exatamente por conhecê-lo e saber da alegria daquele velhinho trabalhando é que o médium estranhou ao lhe ver taciturno.
Muito timidamente se achegou ao velhinho que ao perceber a sua chegada falou mansamente, chega cá fio, dá um abraço nesse nego véio.
Ao se ajoelhar ele percebeu a tristeza que se estampava na face espiritual do bom velhinho e lhe perguntou: Meu pai, eu nunca vi o senhor dessa maneira, externando tamanha tristeza, o que lhe acabrunha?
E o velhinho com os olhos marejados acaricia a cabeça daquele filho que sempre esteve junto a ele em todos os trabalhos mais importantes da casa, de demandas, de saúde e muitos outros, com candura começa a falar ao médium: Fio o que Nego Véio está sentindo é algo muito profundo, foi se formando ao longo de muito tempo, e por mais que esse Véio avisasse ao meu Cavalo ele não consegue mais ouvir as minhas palavras, tudo tem se perdido no vento.
Toda aquela preocupação que meu fio tinha em cuidar de cada médinho separadamente, cada um com o seu carma, cada um com o seu problema, foi abandonada, totalmente esquecida, hoje meu fio trata tudo como se fosse um balaio de gato, como se todo mundo fosse iguá, todo mundo fosse fio do mesmo Pai e da mesma Mãe . E aí o que acontece? Meus fios tão cheios de quizila, marido e muié se separando, abandonando seus fios, irmãos de sangue em contenda e na casa a lei e a doutrina de Zambi e da Umbanda não está sendo cumprida.
As entidades da casa revela aos fios que vem em busca de ajuda, que as coisas que estão acontecendo na vida deles é por causa da sua missão espirituá e que eles precisam botar roupa branca e cumprir com essa missão, explica que eles precisam se desenvolver para que os seus santinhos possam chegar e prestar caridade, que precisam de estudo para facilitar essa caminhada e para meus fios saber separar o joio do trigo, afastando os zombeteiros, a mistificação e o animismo e que sem isso meus fios serão presas fáceis para qualquer obsessor, fazendo com que meus fios deixem de cumprir com as regras estabelecidas pela espiritualidade e que deve ser respeitada.
Aí os médinhos entram pra casa, e na primeira semana eles até cumprem com as regras, mais a partir daí eles começam a declinar, inventado desculpas para não cumprir com as obrigações da casa, que não tem tempo, que é o trabaio, que é o estudador. Aí eles acabam indo somente no trabalho em que eles podem ser usados, nas sessões, justamente onde eles se deixam arrastar pelos desejos incontidos, até então freados, querendo beber, querendo fumar, pegando tudo que lhes vem a cabeça, com home querendo ser muié e muié querendo ser home, com a coluna curvada de tanta guia, uns querem chegar fantasiados, muitos nem tomam seus banhos de ervas, e quando chegam na casa, ao
invés de se concentrar, de mentalizar seus mentores, eles discutem e riem em altos brados, abrindo seus espaços para entrada do lixo espiritual que busca espaço naqueles que ainda se encontram fragilizados.
E aí, o que faz meu cavalo? Coitado ele ta tão preocupado com as festas, com os quitutes, com os convidados, com a quantidade que ta entrando e nem repara os que tão saindo, alguns pior do que quando entraram. Então o que Nego Véio tem que fazer depois de tanto falar?
Deixar meu fio caminhá com seu livre-arbítrio, destruindo em anos o que a espiritualidade construiu em séculos, é muito triste e só resta a Nego Véio a esperança que meu fio volte a enxergá, que afaste do seu caminho a vaidade, o orgulho e o egoísmo e lembre do trato que ele fez com esse preto há tanto tempo.
Quanto a suncês Nego Véio espera que se unam cada vez mais em amor para com o próximo como disse Jesus, caridade a cada dia, de pensamentos e de obras, cada um tira a trave em seu próprio olho e deixa que Pai Benguelé tira a trave do olho desse fio cego.
Perdoa Nego Véio meus fios.
Fonte GRUPO POVO DE ARUANDA

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