segunda-feira, 11 de abril de 2016

Malandro Miguel Camisa Preta

Vamos conhecer aqui um pouco da historia da vida, morte e reencarnação do malandro camisa preta, e também pedir proteção a ele através de uma forte oração. Miguel Camisa Preta, era um boêmio das noites cariocas ,um amante da escola de samba da portela, sua vida e também morte se passou em Madureira não dispensava nenhuma “preta” como ele próprio diz, entidade nova esteve muitas vezes em rodas de samba de raiz do Cacique de Ramos, mais um lugar preferidos para as noites de carteado fora a favela do jacaré. Camisa Preta viveu até seus 44 anos teve um filho, e também uma esposa, além de varias amantes Era muito requisitado para resolver problemas nas comunidades que frequentava, e com isso tornou se amigo de muitos, mas por esse motivo também cobiçou a inveja em outros.em uma sexta feira de movimento na favela do jacaré ele bebia cerveja e jogava cartas em um bar dos becos do jacaré quando quatro homens o assassinaram pelas pelas costas. Após feito sua passagem espiritual e não tendo se conformado com sua morte ,ele passou então a ser uma entidade ,passando a linha de malandros, por não ter se conformado com sua morte ele se vingou das pessoas que o traíram e matou cada um deles ,hoje sua missão é ajudar pessoas que se envolveram no trafico,pessoas que tem problemas com vícios de drogas e bebidas,afim de cada dia evoluir seu espírito.ele viveu aproximadamente entre os anos oitenta. Para agradar esse malandro ou fazer pedidos , você deve por uma cerveja aberta ,juntamente com um cigarro e um prato de sardinhas fritas na porta de um bar de preferência nas sextas ou segundas feiras.miguel camisa preta é um malandro muito fino que gosta de ser tratado com coisas de boa qualidade,suas véstias são camisa de linho preta e calça de linho branca, usa também chapéu de cor crua de panamá, as vezes bengala, fuma cigarro de filtro amarelo e cerveja pra ele sendo quente ou gelada tem que ser Brahma. Segue aqui uma oração principalmente as pessoas que andam na noite ,que passam por lugares perigosos, e também aquelas que querem se livrar de algum vício ou inimigo que queiram te fazer mal. ORAÇÃO AO MALANDRO MIGUEL CAMISA PRETA Miguel Camisa Preta , boêmio das noites de seresta, Anda comigo nessa noite e em todas as outras e também nos dias, pois por onde passo, pode ser que haja alguém que queira algo que eu tenho, e tudo que tenho consegui com meu esforço.
peço perdão se não sou tão bom ainda quanto devia ser,mas em sua companhia espero melhorar a minha vida, diga a Ogum, seu mestre, que abra meus caminhos. que através de você eu possa me libertar de qualquer vício, que eu seja malandro sim para me esquivar de assaltos, de balas perdidas
e que por mais que as vezes seja necessário passar por um lugar, que você me desvie do mesmo se neste houver perigo.
que você esteja sempre ligado á mim como meu guia!
Camisa Preta amigo, me guia me auxilia!!!
amém!

Pombo Gira Sete Rosas.

A Pombo gira Sete Rosas pertence à falange de Dona Rosa Caveira. É uma Pombagira bastante misteriosa e reservada. Costuma preparar muito bem seu médium, antes de se apresentar. Quando incorporada, trabalha sempre com sete rosas vermelhas, que o médium deve levar, tirando todos os espinhos. Costuma ficar no meio do terreiro, dançando suavemente, e fazendo sua magia, sempre com uma de suas rosas nas mãos. Gosta em suas roupas, das cores vermelha e roxa ou preta e roxa. É uma pombo gira conhecedora da magia e poderosa para quebrar feitiços. Ainda não tenho autorização para revelar detalhes de sua vida, que a levaram a essa escolha. Se quer agradá-la, leve sete rosas vermelhas abertas, a um médium que trabalhe com ela, a um terreiro que aceite receber oferendas, ou a uma encruzilhada em T.

MARIA MULAMBO DO CEMITÉRIO

É uma guardiã linda, faceira, brincalhona e jovem. Sempre disposta a ajudar aqueles que a procuram e precisam. Adora beber, fumar e conversar. Contudo, ela sabe a hora de falar sério. Nunca prometa a ela o que você não poderá cumprir; se você desdenhar do que ela pede ou achar pouco, ela não lhe ajudará.
Dizem que o amor de sua vida é o exu Veludo, sempre dançando com ele quando há uma oportunidade.
MARIA MULAMBO é mulambo só no nome; claro que nada foi em vão, passou por muitas provações quando encarnada, por isso o nome que tem. Algumas pessoas defendem a ideia de que em uma das encarnações de MARIA MULAMBO DA PORTA DO CEMITÉRIO ela teria sido a BRUXA EVÓRA; por isso um de seus nomes é POMBAGIRA BRUXA ÉVORA.
Gosta do luxo, mas de maneira moderada. Sua cor preferida, para suas roupas, é roxa. Gosta um pouco do vermelho, somente se este vier junto do preto.
Quem trabalha com MARIA MULAMBO DA PORTA DO CEMITÉRIO, diz que é fácil agradá-la, principalmente se o agrado for feito de coração e com simpatia.
POMBA GIRA BRUXA ÉVORA obedece a todas yabás (Orixás femininos). Uma entidade pouco conhecida e que tem muitos mistérios à sua volta. Quase não se ouve falar nela. Trabalha com todo tipo de magia e encantamentos para todos os fins. Apresenta-se como quer – hora uma senhora, hora uma dama, hora uma moça bonita e faceira... Por trabalhar para todas as yabás não tem um estereótipo muito definido. Gosta de champanhe e cigarrilhas.
Esta guardiã pertence ao Povo da Lomba da Calunga, o qual faz parte do Reino da Calunga Pequena (Cemitério): governado pelo exu Rei das Sete Calungas ou Calungas e Pombagira Rainha das Sete Calungas. Esses exus também são chamados pelo nome de Rei e Rainha dos Cemitérios. Geralmente quando se diz "calunga" nas giras de Quimbanda é para nomear ao cemitério. Trabalham neste reino todos os exus que moram dentro dos cemitérios. – O Povo da Lomba da Calunga é chefiado pelo exu Corcunda.
OBS: Lomba é a porta do cemitério. Exus que trabalham neste local estão ligados à energia do Orixá Omolú e do exu Omolú, guardião das portas dos cemitérios. Os cemitérios físicos podem não possuir ladeiras ou lugares altos, porém a visão das entidades é outra; a Lomba é um ponto, uma elevação de força astral da Calunga.
Como toda pomba gira do Calunga, suas oferendas devem ser feitas, preferencialmente, no Cemitério. Neste caso, podem ser arridas na porta – local de entrada.
“Sou uma pomba gira que vem DA LOMBA DO CEMITÉRIO para trabalhar. Não dou chances para os inimigos, pois carrego uma boa vassoura mágica, que varre o mal e limpa os caminhos para vir o bem... Por carregar sempre em minhas mãos uma vassoura, sou uma bruxa também, cujo nome é BRUXA DE ÉVORA, a qual trabalha juntamente com a Bruxa de Évora das trevas...”.
♪ Mulambo, sua vassoura tem feitiço
Mulambo, seu feitiço é um mistério
Mora na porta da Lomba e gira no Cemitério...
O lixo pra vocês é uma pobreza
O lixo pra ela é uma riqueza
Quem quiser lhe encontrar
Vá no lixo com a vela acesa...
♫ QUANDO PASSAR NA PORTA DO CEMITÉRIO MOÇO
Ô NÃO ESQUEÇA DE OLHAR PRA TRÁS
VOCÊ VAI VER UMA MOÇA DE PRETO MOÇO
ELA É MARIA, MARIA, MARIÁ
ELA É MARIA, MARIA, MARIÁ
ELA É MARIA, MARIA MULAMBO MARIÁ.
♪ Quem mora na porta da Lomba
É a pomba gira Mulambê
Exu que mora na porta da Lomba
É a pomba gira Mulambê
Peça licença a exu Olodé
Viemos coroar pomba gira Mulambê
♫ Quem mora na ponta da Lomba,
É a pomba-gira Mulambê,
Ô da licença Obaluaiê,
Queremos coroar pomba-gira Mulambê
Olha a Mulambê, Mulambê
Olha a Mulambê, Mulambê

terça-feira, 5 de abril de 2016

Chefe Manitoba

Um Cacique que tentou preservar sua raça.

A palavra Manitoba vem das palavras algonquinas "manito" e "waba" que significam, respectivamente: Grande Espírito e estreito. Os nativos americanos que viviam na região do Lago Winnipeg, acreditavam que os sons vindos do vale estreito próximo ao Lago, eram emitidos por "Grandes Espíritos" antigos. Mas, atualmente, sabem-se que são ecos.
Toda a região de Manitoba é abundante em rios e lagos. É uma das dez províncias do Canadá, coberta por enormes planícies com solo próprio para agricultura. A região também possui muitas áreas florestais e depósitos de cobre, zinco e níquel.
Durante o século XIX, Ingleses e Franceses disputaram a posse de terras do Canadá. Manitoba fez parte inicialmente de um gigantesco território conhecido como "Terra de Rupert", administrada pela Companhia Inglesa da Baía de Hudson. Mas, algumas regiões de Manitoba também foram colonizadas pelos Franceses.
Em 15 de maio de 1870, após a Rebelião de Red River (Rio Vermelho), o governo Canadense elevou a região sul do atual Manitoba à categoria de Província - isso equivalia a apenas 5,6% de seu tamanho atual. Sua extensão territorial cresceu gradualmente até 1912.
Foi nesse cenário que o Cacique Manitoba viu sua terras e tribos serem dizimadas e aos poucos colonizadas pelo homem estrangeiro. Ele viveu 112 anos sobre as Terras Canadenses e pode ver muita coisa com seus próprios olhos.
O Rio Vermelho tornou-se Rio de Sangue muitas vezes, pelas mortes que assistiu e pelos corpos que recebeu em seu leito. As terras de Manitoba presenciaram muitas transformações. Mesmo assim, o Cacique tentou manter a cultura e a tradição de seu povo intactos após a colonização.
Foi difícil... Nessa época, ele sentiu-se "pequeno", como o estreito do Lago Winnipeg; porém, em outros momentos, sentia a força do "Grande Espírito" a lhe sustentar. E assim, aguentou o quanto pode para preservar seu povo e sua raça.
Antes de exalar o último suspiro fez um pedido a seu neto Kanna Kanna (Dois Caminhos): "Meu filho, não deixe morrer nossa tradição ou nossos costumes. Preserve-os a todo custo, para que um dia o homem branco possa conhecer a sua origem..."
Hoje em dia, Ele trabalha como Mensageiro Espiritual na Falange do Povo do Oriente, sob o comando de Xangô. Ele exerce maior domínio quando atua na Linha de Oxalá e na Linha das Águas, ao harmonizar e fluidificar o ambiente.

Xamã Vermelho - Red Shaman - Pupa Shaman

"Pupa" realiza seu trabalho nas Falanges Orientais de Cura em toda a Umbanda Sagrada, sob as ordens das Linhas de Iansã e Xangô. Ele nasceu nas Planícies Geladas, que ficam próximo às Montanhas Rochosas ao dos Estados Unidos, entre os estados de Montana e Wyoming. Ele pertencia ao Povo Cree, da Tribo Assiniboine (Ojíbua).
Ele conta que, desde a última grande Era Glacial, muitos povos começaram a habitar as Montanhas Rochosas, como os: apache, arapaho, crow, cheyenne, sioux, ute, kutenai, entre outros. Eles viviam nas planícies durante as estações do outono e inverno, onde caçavam bisões (búfalos-americanos). E nas estações mais quentes (primavera e verão), viviam entre as Montanhas onde pescavam peixes, caçavam alces e colhiam raízes e frutos.
Por causa da Guerra do Ouro, as histórias dos estados de Oregon, de Wyoming, de Montana e de Idaho se confundem. A palavra "Wyoming" na língua indígena significa Terra de Vastas Planícies e "Montana" deriva de Montanha mesmo. Oregon deriva de uma frase: "Caminho do Ouro" - para a qual não há tradução literal: ore go on (minério de continuar). Idaho possui um cognome: Gem State - "Estado da Jóia.
Mas, voltando a história de Pupa... Ele viveu entre os séculos XVII e XVIII, quando o homem branco tentava conquistar o território norte-americano. Os nativos das Montanhas Rochosas ainda estavam protegidos pela região desconhecida e pouco desbravada. Mas, quando os brancos começaram a chegar, pareciam "possuídos" por espíritos maus, pois seu único intuito era matar e conquistar.
Por conta de tanto ódio e sede de conquista por parte dos europeus, os nativos escondiam-se cada vez mais entre as montanhas e o frio. Pupa havia sido preparado desde adolescente para sua tarefa de líder religioso da tribo, então sabia realizar todas as curas necessárias para seu povo. Todos o respeitavam por seus ensinamentos. Ele aconselhou sua tribo a manter-se escondida nas montanhas e evitar o confronto com o branco. Disse que o homem branco já trazia o ódio dentro de si.
Quando Pupa estava idoso e preparava-se para deixar o mundo dos vivos, chamou seu sucessor e disse-lhe: "Prepara-te para a grande mudança da terra. O homem branco a tudo transformará e nossa nação nunca mais será a mesma. Preserva nossa gente e nossos costumes, para que o Grande Espírito mantenha nossos descendentes sobre essa terra."

Pombagira Lâmia

"Eu sou Pombagira de fé,
Metade cobra, metade mulher...
Derrubo qualquer feiticeiro,
Pois eu sou mulher de Lúcifer..."

Eu nasci e vivi na região da Lituânia do século XV, sob o reinado de Alput. Eu era descendente dos búlgaros romani - ciganos descendentes do Conde "Drácula". Vlad Tepes (o Empalador) era um governante sanguinário da Romênia e minha mãe possuía parentesco direto com sua linhagem. Nossa caravana viajava constantemente para evitar perseguições, devido a nossa herança ancestral.
Em nossa família, seguíamos as tradições dos antigos Balcãs (Otamanos) e sabíamos aplicar sortilégios e magias diversas em nossas peregrinações. Apesar de tudo isso, acreditávamos em Deus, Jesus e Maria, mas também acreditávamos nos nossos deuses nórdicos. Éramos perseguidos, justamente por sermos ciganos cristãos, pois os Otamanos eram mouros e a intolerância religiosa já ocorria naquela época.
Passamos a viver na região da Suécia e tivemos relativa paz, durante alguns anos. Eu casei-me com um descendente nórdico e tive dois filhos lindos - um menino e uma menina. Meu esposo era comerciante de peles, especiarias e tecidos diversos. Minha família prosseguia com o trabalho de comercialização de pedras preciosas e ouro.
Nossas comemorações eram festivas e alegres - comemorávamos tudo: colheitas, vendas, bons negócios, nascimento, casamento, entre outras festividades. Por isso, nem percebemos quando uma guerra iniciou e o estado começou a disputar interesses. Todos eram chamados a lutar e nós tentamos não tomar partido. Pensamos até mesmo em prosseguir viagem, mas nossos negócios estavam todos bem distribuídos na região.
Quando a disputa iniciou eu fiz algo que uma mulher naquela época não faria: agi politicamente. Eu era bonita e sedutora, então negociei nossa permanência e estabilidade com os governantes. Eu me envolvi (não tenho vergonha de falar) com cada um deles e usei minha magia para tê-los sob meus encantos. Assim, sem que quase ninguém soubesse, eu mantive nosso povo em liberdade e obtive a paz para nossa raça.
Eu fiquei grávida de um deles e sabia que essa criança poderia disputar a coroa, mesmo sendo um filho bastardo; mas, com isso, perderia meu esposo e o respeito de minha raça. Então, abandonei meu povo... Deixei meus filhos com o pai e segui para junto do governante. Aceitei sua proposta e fui viver com ele. O filho dele nasceu, um menino que herdaria o reino.
Eu não me tornei sua esposa, apenas uma concubina e serva do palácio. Mas, meu filho foi criado pelo rei e pela rainha, como filho legítimo. Eu senti saudades de minha antiga vida, de meu povo e de meu esposo. Mas, o que uma mulher não faz pelos seus? Eu fiz e não me arrependi...
Às vezes eu visitava o local do acampamento e ficava a sondar a distância para ver meus filhos. Meu esposo desposou outra cigana e teve mais filhos com ela. Paras eles eu era uma fugitiva. (...) Os anos passaram e meus filhos cresceram. O príncipe herdeiro (meu filho sem saber) tornou-se um rapaz nobre, bonito e inteligente. Ele deveria casar-se em breve para assumir o trono. Tudo o que eu planejara aconteceria... Porém, a vida nos prega peças e eu fui envolvida em uma delas.
O príncipe herdeiro escolheu uma jovem do povo para desposar. Dizem que ela era uma bonita filha de comerciante. Moça bem educada e de fino trato, foi aceita no palácio, mesmo não sendo da realeza. Eles estavam felizes com o noivado e já programavam a festividade do casamento. Foi quando eu a vi e algo me atravessou a alma. Era minha filha... Perante o Cristianismo eles não poderiam casar, mas de acordo com a Tradição dos Antigos Deuses, nada impediria.
Eu fiquei dividida, pois eles eram irmãos e somente eu sabia disso. De meu ventre haviam nascido dois herdeiros para o trono: um homem e uma mulher - dois irmãos. O que fazer? Permitir que eles se casassem e não interferir? Contar a um deles? Contar para meu ex-marido?
Nessa hora, rezei à antiga Deusa e pedi orientação. Ela, Brighit, que coabitara com seu irmão para dar um herdeiro à Terra, me entenderia... Senti que nada deveria fazer e deixei que as bodas acontecessem. Eles casaram e o casamento foi o maior acontecimento do reino. E eu assisti a tudo ocultamente. Meus dois filhos se casando e assumindo o comando do Reino!!! Que mãe não teria orgulho disso? Mas, eu fiquei mortificada e apreensiva. Nada fiz.
O tempo passou e logo ela estava grávida. Antes do nono mês, ela já se preparava para dar a luz e eu fui chamada para auxiliar no parto, junto com outras servas. Logo percebemos que ela teria duas crianças, pois o parto estava difícil. Porém, o pior estava por vir...
O parto estava muito complicado e não conseguíamos realizá-lo. O médico da realeza logo deu o diagnóstico: gêmeos siameses. Eu sabia o que isso significava: aconteceu porque eles eram irmãos. Mas, para a época isso era um sacrilégio e crianças assim eram consideradas aberrações. Eles seriam descartados como lixo. Eu não podia permitir... Eram meus netos. Então, mais uma vez agi contra o destino. Ofereci-me para levar as crianças. Decidi fugir com elas e criá-las. Eu já errara demais, não podia errar mais uma vez.
Antes de partir, procurei minha filha, enquanto estava em recuperação e contei-lhe toda a verdade. No começo ela apenas olhou-me e nada disse, mas depois gritou e exigiu que eu saísse de sua presença. Procurei também o pai dela (meu ex-marido), mostrei os gêmeos a ele e contei onde estive todos esses anos. Ele mostrou repulsa por mim...
Nada mais havendo a fazer, arrumei uma carroça com provisões para a viagem e deixei o reino com os bebês. Eu era responsável por eles. Na tradição da Antiga Deusa, gêmeos siameses eram venerados. Eu acreditava que eles tinham uma herança maldita, do antigo empalador e de tudo o que aconteceu... Mesmo assim, segui para a Noruega, levando-os comigo...
Durante o caminho encontrei uma caravana de saltimbancos e ajuntei-me a eles. Passei a me apresentar com eles, realizando números de mágicas e adivinhações. Eu também sabia usar cobras em meus números e isso cativava o público. Meus netos eram uma atração a parte... Dentro de uma jaula eles era observados pelos outros. A jaula era para protegê-los de qualquer barbárie. Alguns médicos e cientistas pediram para estudá-los e eles eram constantemente observados.
A Europa vivia um período de perseguições por conta do Catolicismo, mas a vida circense nos protegia, de certa forma, pois não representávamos perigo à Igreja. Mesmo afastada da vida na Suécia, eu pude acompanhar os últimos acontecimentos: Minha filha adoeceu e definhou... Saber a verdade de tudo não lhe fez bem e ela me culpou, com razão. Meu filho nunca soube de nada e casou-se novamente, dessa vez com a herdeira do reino vizinho (Dinamarca). Assim a "Escandinávia" permanecia unida. Meu ex-marido tornou-se uma pessoa amarga por causa de tudo o que aconteceu e por fim passou a beber até morrer.
Meus netos viveram 36 anos e eu vivi até os oitenta anos. Não casei mais, apenas cuidei de meus netos e vivi intensamente a vida circense. Tive alguns amores passageiros e só... Ao final de minha vida eu sabia manipular o veneno de quase todas as cobras e usava-os para curas diversas. Apesar de me chamarem de "A Feiticeira das Cobras", a Inquisição não me tocou, pois eu praticava a arte mágica como entretenimento e não era considerada um perigo à sociedade.
Após minha morte, descobri que meus netos foram dois irmãos gêmeos, que disputaram meu amor em outra vida. Como eles mataram-se por conta disso, nasceram "unidos" como siameses. Meu ex-marido foi meu filho e irmão de minha filha. Meu filho herdeiro fora meu esposo e acompanhou todo meu declínio. Por isso, nessa vida, ele foi afastado de mim. Meu outro filho, de quem quase não falei, foi uma pessoa normal e feliz. Ele tornou-se comerciante, casou, teve filhos e viveu honestamente no interior da Suécia.
Assim, foi que vivi essa vida: intensamente e com muitos acontecimentos. Quando eu descobri toda a minha história, após minha morte, resolvi buscar todos que fizeram parte dela. Procurei me apaziguar com eles e lutei pelo perdão de todos. A Espiritualidade Maior ofereceu-me a oportunidade de resgatar minhas dívidas através do trabalho mediúnico e tornei-me uma Pombagira. Assumi o nome de Lâmia, pois em minha cultura as "Lâmias" eram mulheres que sabiam seduzir e eram consideradas meio cobras e meio humanas.
Eu me sentia, muitas vezes, como uma das cobras que eu apresentava nos espetáculos: quieta, mas observadora. A cobra, em nossa cultura, representa a sabedoria e a sutileza feminina. E eu sabia como usar essa sutileza diariamente. Se eu me redimi de tudo só o tempo dirá, pois até hoje trabalho em busca de minha redenção.

O que aprendemos com Oxalufã

No Mistério Pascal?

Oxalufan ou Oxalufon ou Orixá Fun Fun pode ser sincretizado com Jesus Ressuscitado. Ele nos ensina diversas lições, dentre elas: a humildade, a fidelidade e a serenidade. Manter-se humilde perante o próximo, quando somos insultados, é uma tarefa árdua... Ser fiel ao propósito da fé, quando somos testados ou provados, é uma condição difícil de manter... E estar sereno nos momentos de aflição, nem sempre é possível...
Uma das lendas de Oxalufan retrata muito bem o exílio pelo qual todos nós passamos... Ora para aceitarmos o amor do Pai, ora para sermos aceitos como "pais". Na lenda, Oxalufan vai ao Reino de Xangô e, devido às condições em que chega ao Reino de seu Filho, não é reconhecido como Pai. Então, Ele é encarcerado por sete anos... Durante esse período o Reino passa por privações e doenças, sem que ninguém entenda o que está acontecendo. Aqui percebemos que mesmo Oxalufan sendo o Pai e estando acima, Ele vive a humildade de estar na prisão e ser esquecido. Xangô, como filho, não reconhece o Pai, porque Este não está em sua "pompa" real.
Essa história é um exemplo do que ocorre com muitos de nós ao nos depararmos com a crucificação de Jesus. Quando Jesus aparece despido e açoitado na frente da multidão, ninguém o reconhece como Mestre e Ele é negado. Os três dias do repouso de Jesus no túmulo, são equivalentes aos sete anos da prisão de Oxalufan, onde a treva e o caos reina sob a Terra. Xangô é sincretizado com os Apóstolos, que negam Jesus no momento de seu martírio - como ocorreu com Oxalufã.
A lenda também explica porque os filhos de Oxalá devem usar o branco em todos os momentos de preparação e feitura. E porque, nós Umbandistas, usamos o uniforme branco em nossas cerimônias. O branco representa a pureza de espírito e indica que estamos limpos e livres de toda mácula. Assim, podemos nos apresentar perante o Rei... O Rei, que é Xangô nesse momento, representa o Justo Juiz que irá proferir a sentença quanto ao nosso mérito de iniciantes da jornada evolutiva. Portanto, se somos merecedores da benção divina, somos abençoados, com certeza.
Páscoa significa "passagem". Ela representa toda e qualquer passagem pela qual passamos, a fim de atingirmos um objetivo. "Passar" por alguma coisa, representa superar uma dificuldade ou enfrentar uma situação difícil e vencer. Essa é a vitória que ocorre com Oxalufan e com Jesus depois da prisão. Por isso, toda vitória deve ser comemorada!

A Falange de Ogun Rompe-Mato e sua Tribo

"Os Nez Perce" - os grandes cavalgadores!

Existe uma Lenda que conta a origem dos Nez Perce: "Houve uma vez um monstro que vivia no vale do rio Clearwater, perto de Kamiah. Essa besta devorava todos os animais que viviam na região e se tornou uma ameaça, até que o "Coiote", um herói corajoso de muitos mitos indígenas, decidiu que ele deveria ser morto. Armado com uma faca, ele pulou na garganta do animal e apunhalou seu coração. Então ele cortou o corpo em muitos pedaços, que foram lançados para ocupar as montanhas e as planícies ao redor e, assim, surgiram as tribos norte-americanas. "Coiote Corajoso" descobriu que não havia nenhuma tribo no belíssimo vale no qual o monstro vivia. Então, ele espremeu algumas gotas de sangue do coração do animal e, dessas gotas, surgiram os Nez Perce."
Os Nez Perce acreditam em espíritos chamados Wy-a-kins que oferecem uma ligação com um mundo invisível de poder espiritual. Os Wyakin protegem de todo o mal, tornando-se um guardião espiritual individual. Para receber um wyakin, uma jovem garota ou garoto, em torno de 13 a 15 anos, deve ir às montanhas para buscar uma visão. A pessoa deve estar desarmada, em jejum e ter bebido pouca água. Na montanha, em contato com o Grande Espírito, ele(a) receberá a visão de um espírito que pode ter a forma de um mamífero ou de um pássaro. Essa visão pode aparecer fisicamente, em sonhos, ou em transe. O wyakin da pessoa é muito pessoal e raramente é compartilhado com outras pessoas, pois sua contemplação é realizada de forma privada. O wyakin permanece com a pessoa até a sua morte. Portanto, um Wyakin é um guia espiritual que aconselha e protege a pessoa por toda a sua vida.
Assim, se Ogun Rompe-Mato precisa de um fundamento, sua tribo de origem, com certeza, são os "Nez Perce" - os grandes domesticadores do cavalo appaloosa. Os Nez Perce viviam apenas na região do noroeste pacífico (Rio Columbia) dos Estados Unidos. Uma teoria antropológica diz que a tribo originou-se nas Antigas Cordilheiras, que se moveram para o sul a partir das Montanhas Rochosas e depois para o oeste nas atuais terras do Nez Perce. Atualmente a tribo governa e habita uma reserva em Idaho. Os Nez Perce se autodenominam "Nimíipu", que quer dizer "O Grande Povo". A tradição oral dos Nez Perce indica o nome "Cuupn'itpel'uu" que significa: "Nós andamos fora da floresta e fora das montanhas...". Essa tradição remete a um período anterior aos Nez Perce, quando eles não utilizavam os cavalos.
O nome "Nez Perce" deriva do francês "nariz furado", devido a um erro de observação dos viajantes estrangeiros, pois, na verdade, eles não utilizavam nenhum ornamento que necessitasse furar o nariz, a boca ou a orelha. A atual tribo "nariz furado" que vive ao longo do baixo Rio Columbia, no Noroeste Pacífico, são chamados comumente de Chinooks pelos antropólogos e historiadores. Os Chinook dependem densamente da pesca dos salmões, assim como os Nez Perce. Eles dividem a pesca e trocam entre si os locais de moradia, mas os Chinook possuem uma sociedade muito mais hierarquizada. Os Nez Perce, assim como muitas tribos do oeste, eram migratórias e viajavam conforme as estações do ano ou de acordo com a maior quantidade de comida durante um período do ano. Sua migração seguia um modelo previsível de aldeias permanentes de inverno para acampamentos temporários, voltando sempre para os mesmos locais ano após ano. Eles foram conhecidos por irem ao extremo leste, como as Grandes Planícies de Montana, para caçar o bisão-americano, e ao extremo oeste como as Cachoeira de Celilo para a pesca do salmão no rio Columbia. Eles coletavam bastante Camassia, na região entre as drenagens do rio Salmon e do rio Clearwater, como fonte de alimento.
Os cavalos Appaloosa dos Nez Perce (ou Nimíipu) corriam soltos pela bacia do rio Colúmbia e seus afluentes, onde foram capturados e domesticados pelos índios. Eles domavam os cavalos pintados, usando-os como meio de transporte, montaria para a caça e instrumento para a guerra. Os appaloosa são cavalos ágeis, rústicos, velozes e resistentes. E por conta disso sua raça já se distinguiu em muitos meios. Os cavalos pintados resistem a longas cavalgadas, travessia de regiões íngremes e áridas e jornada de longas distâncias. Os historiadores acreditam que a origem dos cavalos Appaloosa seja mais antiga que a história dos Nez Perce. Existem fontes que revelam a existência desses cavalos em regiões da China Antiga, há mais de 5 mil anos. Outras fontes indicam sua existência na Pérsia e regiões da Mesopotâmia há mais de 1,6 mil anos. Mas, também foram encontradas pinturas rupestres na Espanha e na França, desenhadas há 18 mil anos antes de Cristo.
Um cavaleiro não existe sem seu cavalo! Por isso, dessa forma, é possível dizer que os cavalos Appaloosa acompanham a Falange de Ogun há milhares de anos! Durante toda a evolução da história é possível ver e entender a ligação entre um cavaleiro de Ogun e seu cavalo.
*Assistam o filme "Hidalgo - Mar de Fogo" que relata a história de um Cavalo Appaloosa.*

OGUM Rompe Mato

O Ogun das Matas!

Esse Cavaleiro de Ogun viveu no Brasil Colônia do século XVI. Sua função era servir ao Rei e a Rainha de Portugal. O Brasil ainda era uma terra de muitos índios e muita natureza. Seu nome era Jorge, em homenagem ao Santo de devoção de sua mãe. Ao chegar ao Brasil acompanhando o cortejo real, sentiu-se atraído pelo lugar. Era especialista em abrir novos caminhos nas matas virgens e descobrir novas civilizações, por isso seus serviços foram solicitados. Comandava um grupo de 200 soldados, como capitão da guarda. Buscavam os melhores lugares para construir os aposentos reais e retirar as riquezas da terra. Haviam lhe falado que os índios eram selvagens cruéis.

Na primeira aldeia que ele conquistou percebeu temor nos olhos indígenas. E nas próximas aldeias, apesar das resistências e das lutas, foi percebendo que os índios apenas se defendiam e tentavam manter suas terras. Em uma das aldeias capturaram muitos índios para fazê-los escravos. Entre eles havia uma índia potiguara de beleza única, por quem se apaixonou. Retirou-a do meio dos escravos, chamou um intérprete e foi conversar com ela. Essa índia chamava-se Guaraci, para homenagear o Sol.

Guaraci tentou mostrar a Jorge o que os brancos estavam fazendo, através de gestos e palavras. Jorge, apesar de seguir as ordens reais tinha bom coração. A índia convidou-o a ir com ela até a Aldeia Portiguara e aprender os costumes indígenas. Propôs a ele levá-lo e devolvê-lo em segurança, desde que aceitasse conviver 10 dias nas terras indígenas.

Jorge aceitou a prosposta da índia. Chamou o sargento da guarda e pediu-lhe que assumisse seu posto. Avisou aos demais que se ausentaria por um tempo, pois queria estudar os costumes indígenas e procurar os melhores lugares para extrair as riquezas da terra. E assim foi que a índia portiguara Guaraci chegou à sua Aldeia sã e salva carregando um homem branco. Isso foi motivo de grande orgulho para o Chefe da Tribo, que era seu pai. Explicou ao Cacique que Jorge permaneceria com eles por um período de 10 dias para aprender os costumes e tentar uma negociação. O cacique aceitou e assim Jorge começou seu período de aprendizagem. Ele se despiu de seu uniforme e aceitou um saiote de penas para se cobrir. No período em que conviveu com os índios começou a aprender o tupi-guarani.

Também lhe ensinaram a usar o arco e a flecha e a entender os sinais da natureza. Essa vida simples tocou alguma coisa dentro de Jorge, que passou a admirar os nativos potiguaras.
Quando os 10 dias findaram, Guaraci levou Jorge novamente aos brancos. Ele não era mais o mesmo. Percebeu que não poderia mais lutar contra um povo que passou a admirar e também não poderia renunciar ao seu cargo, pois seria considerado desertor. Esse dia foi decisivo na vida de Jorge.

Ele esperou todos irem dormir, arrumou suas tralhas e penetrou na floresta. Foi até o acampamento portiguara. Procurou por Guaraci e lhe propôs fugirem juntos. A índia falou que não poderia abandonar seu povo, mas Jorge sabia que a tribo estava com os dias contados e que em breve seriam atacados. Sem saber o que fazer, capturou a índia e embrenhou-se na mata com ela. Tentava explicar-lhe que não poderiam ficar por ali pois a tribo seria atacada. Guaraci não aceitou e falou que deviam voltar, pois para os potiguaras covardia era uma desonra! Então, ele voltou com Guaraci e entregou-se ao Chefe. Ele foi aprisionado na Oca e seu futuro seria decidido em breve.
Os índios potiguaras já haviam tido contato com o homem branco, quando os franceses se aproximaram tentando uma negociação. Os portugueses retomaram as terras e agora imporiam sua vontade aos índios de qualquer maneira. A raça potiguara ocupava todo o litoral nordestino e eram muito numerosos, mas os portugueses possuíam armas que cospiam fogo e explodiam como trovões! Por isso, a derrota dos índios era visível. A sobrevivência deles ocorreu pelo acordo firmado entre os portugueses e os índios.

Jorge e Guaraci nunca ficaram juntos. Jorge foi morto durante o combate. Seu espírito vagou por anos nas matas litorâneas e muitos contavam a história de um cavaleiro das matas que rompia a floresta com seu galope e emitia um grito de guerra.

Quando Jorge foi recolhido à Aruanda, ele estudou, evoluiu e passou a trabalhar nas Linhas de Ogun e de Oxóssi, como Ogun Rompe Mato.

Como Iemanjá cuidou de Obaluaiê

No dia 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, dando liberdade a todos os escravos, fossem eles de origem africana ou não. Portanto, hoje comemora-se o Dia da Libertação dos Escravos. A Umbanda festeja a força dos Pretos-velhos e de toda a sua história nessa data.
Também no calendário festivo, comemora-se o Dia da Primeira Aparição de Nossa Senhora em Fátima, Portugal. Aconteceu por volta do meio dia, no dia 13 de Maio de 1917, quando três crianças apascentavam algumas ovelhas nos arredores da pequena freguesia de Fátima. Lúcia de Jesus (de 10 anos), Francisco Marto (de 9 anos) e Jacinta Marto (de 7 anos) viram uma Bonita Senhora sobre uma árvore a lhes pedir mais fé e oração...
Tantos os afrodescendentes escravizados, quanto as crianças de Fátima passaram por muitas provações, para provar seu verdadeiro valor. As duas histórias não parecem se entrelaçar... Mas, a Umbanda festeja tanto a efetivação da Libertação dos Escravos, quanto a benção da aparição de Nossa Senhora de Fátima.
E para ilustrar isso vamos narrar uma pequena parte da história de Obaluaiê: "Conta a Lenda que Nanã teve um filho com Oxalufã... E que ela andava desconfiada e nervosa com Ele. Como sua gravidez foi complicada, ela gerou um filho doentio, mirradinho e com aparência frágil. Não sabendo como cuidar do filho, levou-o para Iemanjá, que já era mãe de muitos filhos e tinha experiência no trato com crianças. Assim, Nanã deixou Obaluaiê nas cavernas à beira-mar, para que o mesmo fosse criado pela Mamãe Sereia.
Iemanjá cuidou de Obaluaiê com todo carinho. Ele cresceu, curou-se e saiu pelo mundo. Como Obaluaiê sempre viveu em uma caverna, ele nada conhecia do mundo. Por isso, com medo que sua aparência não agradasse aos demais, teceu uma roupa toda de palha da costa e enfeitou-a com búzios. Obaluaiê andou pelo mundo, morando em diversos lugares e aprendendo muitas coisas em suas andanças.
Em sua jornada, Obaluaiê conheceu todos os demais Orixás e com cada um deles adquiriu um conhecimento diferente. Assim, Obaluaiê andou com Exu pelas Estradas, lutou ao lado de Ogun nas Guerras, conviveu com Oxóssi nas Matas, visitou as Águas de Oxum, conheceu as Pedreiras de Xangô, encantou-se pela Justiça de Yansã, desvendou os Mistérios de Ifá, visitou o reino de Oxalá e foi rever sua mãe Nanã.
Nanã soube que o filho estava crescido e pensou que ele não a perdoaria. Um dia levantou-se do seu leito à beira da Lagoa mais barrenta do Reino de Oyó e deparou-se com Obaluaiê. Nanã estava triste e só, porque seus outros filhos tinham crescido e partido para reinos distantes. Obaluaiê abraçou a mãe e agradeceu-a por ter lhe deixado aos cuidados de Iemanjá. Graças ao amor de Iemanjá, ele estava curado.
Nanã ficou feliz por perceber a gratidão de seu filho e o convidou a morar com ela à Beira da Lagoa. Obaluaiê conviveu com Nanã por muito tempo e depois retornou ao Reino do Mar para reencontrar sua Mãe Iemanjá. A Sereia do Mar percebeu a mudança no filho... Então, presenteou-o com colares das pérolas mais brancas e das pérolas mais negras do fundo do mar.
Agora quem vê Obaluaiê, percebe Nele dois colares trançados de contas brancas e negras. Ele continua a usar sua roupa de palha da costa, mas já sabe que está curado. Por conta de todo o seu conhecimento, Olorum presentou-o com o Dom da Cura de todos os males da Terra e tornou-o um Orixá. Obaluaiê é agora o Protetor dos humanos contra todas as doenças e contra as misérias terrenas."

Uma Cabocla da Lua e uma Cabocla do Sol

As preferidas de M'Boi...

A Cabocla da Lua pode atuar nas 4 fases da lua. Cada fase da lua indica a influência de uma Mãe:  Iemanjá, Yansã, Nanã e Oxum. Assim, ela pode se apresentar como Cabocla da Lua Nova, Cabocla da Lua Crescente, Cabocla da Lua Minguante e Cabocla da Lua Cheia. A Cabocla da Lua que contaremos a história a seguir, não pertence a essa Seara. Ela nos procurou e pediu para relatarmos uma de suas existências.
O Umbandista acredita em Deus (Zambi), em Jesus (Oxalá) e nos demais Santos, Profetas e Anjos. Ele também acredita na Reencarnação e por conta disso sabe que todos os espíritos possuem mais de uma existência. Portanto, quando uma Entidade  relata a história de uma vida, não significa que tenha sido sua "única" vida.
A Cabocla da Lua que nos procurou, contou que em uma de suas existências como índia, não nasceu sozinha. Sua mãe teve gêmeos e junto com ela nasceu uma irmã. Ela nasceu durante a madrugada, enquanto a luz da lua cheia clareava as matas. Sua irmã nasceu ao clarear do dia, quando o sol raiava e sua luz cobria a aldeia. Por isso, sua mãe lhe chamou de Jaciíra, que significa "Filha da Lua" e sua irmã recebeu o nome de Guaraciíra, "Filha do Sol".
As duas irmãs eram muito apegadas, mas muito diferentes também. Enquanto Jaciíra não temia nenhum perigo, Guaraciíra era mais cautelosa com as coisas. Mesmo assim, as duas dividiam todas as tarefas e brincadeiras e se divertiam muito. Assim, elas cresceram e tornaram-se duas lindas moças, cada uma com sua beleza e com seu talento. Elas eram queridas por toda a tribo e disputadas pelos guerreiros que queriam casar.
Mas, um dia, M'Boi exigiu uma oferta, pois o Homem Branco estava preparado para atacar a aldeia e a defesa estava em baixa... Ele exigiu as duas indiazinhas. A Aldeia ficou em polvorosa e não sabia o que fazer; eles não podiam descumprir uma ordem tão sagrada. Então, todos se reuniram: o Cacique, o Pajé e todos os índios mais velhos. Entraram em um consenso que Guaraciíra e Jaciíra deveriam cumprir seu papel para salvar a tribo.
Alguns índios não aceitaram a imposição: os pais das irmãs e os índios apaixonados por elas...  As duas irmãs não relutaram e aceitaram seu destino. E, no dia marcado, as duas entraram no barco que desceria o rio, para cumprir a tarefa que lhes foi reservada. Ao chegar ao local onde M'Boi morava elas esperaram...
Enquanto isso, na aldeia, houve uma revolta por conta de alguns índios e isso enfraqueceu a tribo. Durante a madrugada aconteceu o ataque dos brancos, que encontraram poucos guerreiros e nenhuma resistência na luta. Mas, durante a batalha, ocorreu um fato que ninguém ousaria contar... O próprio M'Boi baixou na Aldeia e atacou os homens brancos! Aqueles que sobreviveram fugiram assustados. Então, ao final da batalha M'Boi retirou-se, pois os índios haviam cumprido sua promessa.
As duas irmãs ficaram no barco três noite e três dias esperando e esperando... Elas acharam que M'Boi havia rejeitado a oferta por causa da demora da tribo. Quando porém estavam para voltar para a Aldeia, M'boi apareceu, envolveu-as e arrebatou-as e levou-as  sobre as águas. As duas irmãs se abraçaram e aguardaram... Quando abriram os olhos estavam no meio da aldeia. M'Boi olhou-as e retirou-se, deixando-as ali entre seu povo.
No dia seguinte, a história das duas índias que foram abençoadas por M'Boi correu por todas as tribos! A vitória da batalha graças a intervenção do Grande M'Boi foi celebrada por todos. Jaciíra e Guaraciíra casaram no mesmo dia. Elas tiveram muitos filhos, que tiveram outros filhos que cresceram e construíram uma Nação: os Jês. Durante os anos seguintes, elas contaram para os filhos e para os netos a aventura que viveram.