Caboclo Pena Branca:
O Irmão Universal
Texto de Edmundo Pellizari
Em 1929, o poderoso cacique Pena Branca, líder dos índios Yaqui do México, liderou uma revolta contra a opressão e a injustiça quevitimavam o seu povo. Desde este momento, nas terras americanas, omito desta grande entidade nasceu.
Pena Branca é hoje um símbolo deliberdade, autenticidade e fraternidade.
Entrando em contato com muitos irmãos de cultos afro-indígenas do México, Caribe e Estados Unidos, fiz esta pergunta a mim mesmo :
-"Será nosso Caboclo Pena Branca, esta mesma entidade ou umrepresentante dela ? "Certa vez, perguntei ao irmão Alberto Salinas, curandeiro e médium deuma tradição espiritualista mexicana, quais as principais entidadesque incorporavam em seu templo. O primeiro nome que ouvi foi : Pena Branca.
Em seguida, comentei que no Brasil, também incorporava umíndio do mesmo nome. Ele não se surpreendeu e disse que outros "penas" também frequentavam sua sessão de cura, nada impedindo quefossem as mesmas entidades.
Longe dali, no Caribe, existe uma religião chamada de Vinte e Uma Divisões (ou Vinte e Uma Linhas) que é muito parecida com a nossaamada Umbanda. Nos terreiros deste culto, trabalham destemidosespíritos de índios, pretos velhos, exus (ali chamados de candelos) eoutros espíritos familiares. Na Linha de Índio Bravo, uma das Vinte eUma Linhas, encontramos também nosso velho amigo : Pena Branca !Ali ele baixa, firme e elegante, dando brados e vivas imponentes. Comele, também incorporam Águia Branca, Índio da Paz e outros "penas" : Pena Azul, Pena Negra, Pena Amarela, etc... Coincidência ?
Nos estados sulistas dos Estados Unidos, existem algumas igrejasespíritas.... Coisa bem diferente, pois por fora parece um temploevangélico e por dentro um terreiro. Os pastores são médiuns e bemíntimos com as manifestações do Mundo Invisível.
O espírito principal que chefia estas igrejas, as vezes chamadas deIgrejas Espiritualistas Africanas, é o Chefe Índio Falcão Negro.
Quando o Chefe Falcão se manifesta, ele puxa outros companheiros dasaldeias do astral, como Nuvem Vermelha, Águia Negra (nomes de chefesindígenas que existiram) e entre eles está : Pena Branca! Mais coincidência?
Algumas fraternidades esotéricas americanas, que cultuam os Mestres Ascencionados como Saint Germain, El Morya e outros bem conhecidos daNova Era, conhecem um belo Mestre curador.
Ele aparece como um índio banhado em branca e luminosa luz, dandosábios conselhos e mensagens (veja uma imagem dele aqui reproduzida).
Seu nome? Mestre Pena Branca. Olha ele aqui de novo....
Em algumas ilhas do Caribe existe um culto chamado Obeah, de origem africana. Dentro dele são celebrados os mistérios dos espíritos deorigem indígena taino, etnia local. Existem muitas entidades indígenas, a maioria com comportamento muito arredio e nomes deanimais, como Cobra Verde, Pantera Negra, Jaguar Dourado e etc...
Quando incorpora a Falange do Povo Alado, simbolizada pelos pássaros emorcegos, um deles tem um destaque especial. Este espírito seapresenta sério, compenetrado, usa tabaco fortíssimo e uma penabranca na cabeça. Como é chamado? Índio Pena Branca. Pois então,novamente o encontramos.
Na Venezuela existe um culto belíssimo, semelhante em tudo com a Umbanda de nossa terra. Tem caboclo, preto velho, exu, marinheiro, Orixás e tudo de bom. É a tradição de Maria Lionza, a Rainha Mãe daNatureza.
Na Linha Índia, comandada pelo famoso espírito do Cacique Gaicaipuro,incorporam centenas de caboclos venezuelanos e americanos. Elestrabalham com pemba, bebidas diversas, água, cocares, maracás e todo oaparato ameríndio. Chegam bradando e saudando o povo, que procurasemanalmente os irmandades em busca de alívio, socorro material e espiritual.
Certo dia em Bonaire, uma ilhazinha perto da Venezuela, eu participavade um culto de Lionza. Perto do congá, estava um rapaz incorporadocom um caboclo. Atento, o índio ouvia pacientemente uma velha senhora e a limpava com um maço de ervas perfumadas. A senhora chorava muito e tremia. No final da sessão, o semblante dela havia mudado. Feliz, ela sentou-se no banco da assistência e orava agradecida. Curioso, eume aproximei e perguntei o nome da entidade que a atendeu. A velha irmã respondeu com reverência. Adivinhem o nome do caboclo. Ele mesmo, o grande índio Pena Branca !
O tempo passou e a pergunta ainda batia dentro da minha cabeça. Será que é o mesmo Pena Branca ? Terá este caboclo conhecido da Umbanda viajado tanto assim ? Afinal, ele é mexicano, americano ou brasileiro? Quem, afinal, nasceu primeiro, o Pena Branca daqui ou delá? Inquietações de um pesquisador, pois os afilhados e médiuns de Pena Branca não ficam, creio eu, tão preocupados com a sua origem.
Uma bela noite, em um modesto e tranquilo terreiro umbandista do interior paulista, acontecia uma gira de caboclo. A líder do terreiroabriu o trabalho e incorporou. Seu Pena Branca estava em terra, em todo o seu esplendor e força. Fiquei atento, lembrei-me do Caribe epensava em tudo isso que agora escrevo aqui.
O caboclo Pena Branca riscou seu ponto, pediu um charuto, deu algumasordens ao cambono e olhou para onde eu estava. Senti uma estranhaenergia percorrer minha espinha. Ele continuou olhando e acenou. Me levantei e acenei de volta. Foi então que ele falou :
- Filho, era eu, lembra ? Tem aí um maço de ervas bem cheiroso para mim ?
SALVE SEU PENA BRANCA !
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