Era dia quando acordei, tremendo de frio e com muita febre; o pajé ao meu
lado fazendo suas orações e convidando nossos antepassados com a autorização
de Tupã; eu não podia ver direito o seu rosto pois a luz de uns poucos raios
que invadiam a oca e amerê (fumaça) emanada pelo seu cachimbo faziam-me
confundir com várias pessoas que habitavam a aldeia e outros que já haviam
partido.
Ouvi alguns murmúrios:
_ Abaçai! Abaçai! Abaçai! (Espírito maligno)
Então o pajé me perguntou se eu tinha fé; prontamente respondi que sim; mas
intimamente não sabia exatamente o que era fé; talvez fosse simplesmente
crer.
Como se lesse meus pensamentos, o pajé me disse que não era simplesmente
crer; tampouco necessitava ver para crer; havia um meio termo que minha
pouca sabedoria de dez anos de idade haveria de assimilar; então ele me
disse para fechar os olhos e imaginar tudo ao meu redor; então eu pude ver
toda a aldeia; as crianças no rio, as mulheres cozinhando o beijú, as
aracemas batendo em revoada e os homens saindo à caça; então ele me
perguntou sobre o que eu via; relatei detalhadamente; foi quando ele me
disse que fé era sentir para crer e que, quanto mais evoluido se tornesse o
meu espírito, mais possibilidade eu teria de sentir e ter fé.
No momento que pude entender o que é a fé, abaçai se afastou
instantaneamente e o pajé encerrou a pajelança dizendo que eu já era um
baquara (sabedor de coisas).
O que lhes posso passar com o meu aprendizado é que a fé é essencialmente
"sentir para crer".
A crença pura e simples deixa a criatura vulnerável a todas afirmativas, nem
sempre verdadeiras e muitas vezes capazes de levar ao fanatismo.
Por outro lado, o indivíduo que se posta numa posição irredutível de
acreditar somente naquilo que lhe é provado, deixa de viver experiências
verdadeiras que a todo momento conspiram para sua evolução.
Por essa razão deve-se "ouvir o coração"; abrir o canal da percepção
liberando a nossa razão para buscar argumentos também em nossa
sensibilidade.
Há inúmeras formas do universo contribuir para nossa evolução; para
percebê-las temos que sintonizar nossa vibração a essas energias; para se
beneficiar dos "bons fluídos energéticos" temos que vibrar nessa busca; esse
exercício constante nos leva paulatinamente ao encontro das respostas.
A fé me trouxe a segurança de que existe algo mais além de nossa limitada
visão de encarnado e de espírito em evolução.
*Caboclo Sete Montanhas
Maio/2010
http://br.groups.yahoo.com/group/umbandamor/message/8539
lado fazendo suas orações e convidando nossos antepassados com a autorização
de Tupã; eu não podia ver direito o seu rosto pois a luz de uns poucos raios
que invadiam a oca e amerê (fumaça) emanada pelo seu cachimbo faziam-me
confundir com várias pessoas que habitavam a aldeia e outros que já haviam
partido.
Ouvi alguns murmúrios:
_ Abaçai! Abaçai! Abaçai! (Espírito maligno)
Então o pajé me perguntou se eu tinha fé; prontamente respondi que sim; mas
intimamente não sabia exatamente o que era fé; talvez fosse simplesmente
crer.
Como se lesse meus pensamentos, o pajé me disse que não era simplesmente
crer; tampouco necessitava ver para crer; havia um meio termo que minha
pouca sabedoria de dez anos de idade haveria de assimilar; então ele me
disse para fechar os olhos e imaginar tudo ao meu redor; então eu pude ver
toda a aldeia; as crianças no rio, as mulheres cozinhando o beijú, as
aracemas batendo em revoada e os homens saindo à caça; então ele me
perguntou sobre o que eu via; relatei detalhadamente; foi quando ele me
disse que fé era sentir para crer e que, quanto mais evoluido se tornesse o
meu espírito, mais possibilidade eu teria de sentir e ter fé.
No momento que pude entender o que é a fé, abaçai se afastou
instantaneamente e o pajé encerrou a pajelança dizendo que eu já era um
baquara (sabedor de coisas).
O que lhes posso passar com o meu aprendizado é que a fé é essencialmente
"sentir para crer".
A crença pura e simples deixa a criatura vulnerável a todas afirmativas, nem
sempre verdadeiras e muitas vezes capazes de levar ao fanatismo.
Por outro lado, o indivíduo que se posta numa posição irredutível de
acreditar somente naquilo que lhe é provado, deixa de viver experiências
verdadeiras que a todo momento conspiram para sua evolução.
Por essa razão deve-se "ouvir o coração"; abrir o canal da percepção
liberando a nossa razão para buscar argumentos também em nossa
sensibilidade.
Há inúmeras formas do universo contribuir para nossa evolução; para
percebê-las temos que sintonizar nossa vibração a essas energias; para se
beneficiar dos "bons fluídos energéticos" temos que vibrar nessa busca; esse
exercício constante nos leva paulatinamente ao encontro das respostas.
A fé me trouxe a segurança de que existe algo mais além de nossa limitada
visão de encarnado e de espírito em evolução.
*Caboclo Sete Montanhas
Maio/2010
http://br.groups.yahoo.com/group/umbandamor/message/8539
Nenhum comentário:
Postar um comentário