quinta-feira, 28 de maio de 2015

PAI JEREMIAS

Preto velho
PRETO VELHO
Com a implantação de fazendas de gado e cultura em solo brasileiro, muitas vezes, ou quase sempre sacerdotes do culto africano chegavam trazidos como escravos pelos navios de contrabandistas que ganhavam a vida destruindo a de outros, entre estes vindos de tão longe e com a missão dada por Oxalá de divulgar sua religião engrandecendo outras terras com sua sabedoria e bondade. Entre estes chegava, então, um jovem que estava predestinado a ensinar amor e sabedoria. Ainda, menino foi introduzido no trabalho árduo e sem trégua. Por sua bondade e sabedoria logo cativou a todos, até mesmo seus senhores, que, percebendo sua condição de tratar com animais feridos ou doentes, solicitavam sempre seus serviços, logo estando este que seria um sacerdote em sua terra, curando e tratando pessoas a pedido de seus senhores. Era ele, então, tratado diferente em meio a tanta crueldade. Com esta oportunidade tinha, então, condição de cuidar dos seus, como predisse um escravo já velho que morrerá em suas mãos: seria ele chamado de pai pelos outros, por sua bondade de empenho em socorrer a todos, não importando se era escravo ou branco. Todos eram socorridos por pai preto, como era chamado pelos brancos. A fama de pai preto correu longe em solo brasileiro, tanto que chegou, sem tardar, ao conhecimento dos missionários, vindos para catequizar os povos da nova terra. Pai preto tinha, então, 85 anos, já velho e quase não mais conseguia andar, o que não impedia de continuar com suas curas e benzeduras. Mas chegou a ordem, e a orientação: pai preto era “feiticeiro” e devia morrer como todos de sua época. Os seus antigos senhores não tiveram coragem de cumprir a missão e então combinaram de esconder pai preto e este ficaria assim até a morte, cuidando, é claro, dos interesses de seus senhores. Mas pai preto, que nunca soube dizer não ou se intimidar por qualquer perigo, não se deteve e continuou com suas mirongas, suas rezas e sua caridade sem fim. Logo a notícia correu, seria um fantasma ou quem sabe ele teria ressuscitado para desafiar quem mandava?
Nova ordem chegou: então o “feiticeiro” deveria ser desenterrado e sua cabeça arrancada do corpo e enterrada em outro local, somente assim o “mal” deixaria de existir. Aqueles que tentaram esconder pai preto, agora com medo, decidiram matá-lo e cumprir o que lhes foi ordenado. Tendo assim, aos 86 anos, pai preto deixado o plano físico para trabalhar com suas mirongas em planos mais elevados. Hoje nós que aprendemos a amar a umbanda, com toda sua sabedoria, aprendemos sempre um pouco com aqueles que deixaram esta grande lição de vida e humanidade. Pai preto é hoje para nós pai Jeremias do cruzeiro, que, ao lado de Omulu, traz a cura para os sofredores dos dois planos. Pai Jeremias recebeu de Oxossi o direito de trabalhar em sua vibração, o que para nós é motivo de mais felicidade, pois como raizeiro e conhecedor das matas levou para o plano espiritual este conhecimento para a benção dos filhos da terra.

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