Salve Sr. Exu da Capa Preta - Por Cásso Ribeiro
O ônibus estava lotado, eu não conseguia vê-la, mas sabia que estava lá.
Podia senti-la, captava sua angustia, sua indecisão, e acima de tudo seu
medo. Ela não estava só, alem de mim, vi outros que a acompanhavam. Eram
de outra faixa vibratória, pertenciam ao passado.Tentavam envolvê-la com
uma energia densa e pegajosa. Sempre que faziam isso ela ficava mais
nervosa e também mais decidida. Eu os via, mas eles não me notavam. À
medida que o ônibus avançava pelas ruas centrais mais e mais pessoas
entravam. Todos apressados para chegar em casa. O coletivo corria em
direção a periferia da cidade. Ela esta lá, meio deslocada, olhava com
insistência um pedaço de papel. Ali em suas mãos o endereço que segundo
ela mudaria seu destino. Ato continuo ela toca a campainha, o ônibus
para, descemos... Aqueles que a acompanham, vibram, ela esta na
iminência de servir como instrumento na vingança que planejam há muito
tempo. Vibram com tanto ódio que ela enfureceu-se consigo mesma. Como se
deixara envolver por aquele rapaz? Tinha que resolver isso imediatamente
e tratar de seguir sua vida, sem que seus pais soubessem. Ela verifica o
número anotado, esta perto. Chega a uma casa humilde, como todas as
outras ali no bairro. Toca a campainha é atendida por uma senhora que
executara o serviço. A mulher a analisa rapidamente, já vira muitas
iguais a ela, não tem tempo para conversa fiada.Pede-lhe o dinheiro e
manda que espere, pois existem duas mulheres na frente dela. Ela
senta-se e aguarda. Eu tenho que agir rápido. Vibro minha espada no ar,
e os seres trevosos que a acompanham estarrecem ante minha presença.
Fatalmente eles me notam,agora ou correm ou me enfrentam. Decidem
sabiamente pela primeira opção, saem da casa, mas ficam do lado de fora,
tentando contatar outros que podem vir ajudá-los. Aproveito para me
aproximar dela. Envolvo-a com minha capa, ela se acalma, por um
instante, sugestionada por mim e titubeia. Já não tem certeza se deve
continuar. Eu vibro em seu mental para que saia dali vá tomar um ar
fresco lá fora. Ela me atende. Quando chega , ainda envolvida por minha
capa, torna-se invisível para os que a acompanham. Tenho que me
materializar. Ela assusta-se ao me ver, tenta gritar não consegue, tenta
voltar para dentro da casa, mas eu a impeço. Chamo-a pelo nome, digo-lhe
que não deve me temer, falo que venho em paz. Tenho uma missão: Evitar
que ela faça o aborto. Não deve impedir aquele espírito de vir ao mundo.
Pouco importa se a concepção fora fruto de uma aventura. Deve deixá-lo
vir. Será um menino, veio do passado para cumprir uma missão, ela não
deve abortá-lo. Sei que seus pais não aprovarão a gravidez, mas me
comprometo a acalmá-los e fazê-los aceitar. Ela chora, não entende como
pode estar ouvindo aquilo. Falo com tanta firmeza que ela quer saber
quem sou. Digo-lhe que me chamam de Exu Capa Preta, sou um guardião,
protegerei o menino que ela carrega no ventre. Estarei ao lado dele a
vida toda, acompanhando-o, guiando-o e protegendo-o. Portanto ele não
deve temer. Chorando ela consente, avança para a rua, toma um ônibus e
retorna para casa. Protejo-a durante a gravidez, o menino nasce forte e
saudável, cresce sem sobressaltos como prometi. Sempre que acho
conveniente deixo-o que me veja, aos poucos vou me apresentando. Hoje
ele esta feliz, acabara de completar 18 anos.Seus amigos comemoram a
data festiva. Movido pela curiosidade o rapaz resolve conhecer um
terreiro de Umbanda. Estou ansioso, chegou meu grande dia! Ele chega,
senta na assistência. Lá dentro uma gira de Exu. Eu já me entendi com o
Exu chefe da casa, somos bem vindos. Quando ele entra para tomar um
passe com linda Pomba Gira eu tomo-lhe à frente e incorporo. Abraço a
moça com carinho, já nos conhecemos de longa data, fumo, bebo, canto.
Daqui para frente haverei de incorporar sempre que necessário. E assim
foi. Ele desenvolveu, abriu seu próprio terreiro, cumpre com amor e
carinho sua missão. De minha parte não o abandono nunca. Estou sempre
disposto e feliz.
O ônibus estava lotado, eu não conseguia vê-la, mas sabia que estava lá.
Podia senti-la, captava sua angustia, sua indecisão, e acima de tudo seu
medo. Ela não estava só, alem de mim, vi outros que a acompanhavam. Eram
de outra faixa vibratória, pertenciam ao passado.Tentavam envolvê-la com
uma energia densa e pegajosa. Sempre que faziam isso ela ficava mais
nervosa e também mais decidida. Eu os via, mas eles não me notavam. À
medida que o ônibus avançava pelas ruas centrais mais e mais pessoas
entravam. Todos apressados para chegar em casa. O coletivo corria em
direção a periferia da cidade. Ela esta lá, meio deslocada, olhava com
insistência um pedaço de papel. Ali em suas mãos o endereço que segundo
ela mudaria seu destino. Ato continuo ela toca a campainha, o ônibus
para, descemos... Aqueles que a acompanham, vibram, ela esta na
iminência de servir como instrumento na vingança que planejam há muito
tempo. Vibram com tanto ódio que ela enfureceu-se consigo mesma. Como se
deixara envolver por aquele rapaz? Tinha que resolver isso imediatamente
e tratar de seguir sua vida, sem que seus pais soubessem. Ela verifica o
número anotado, esta perto. Chega a uma casa humilde, como todas as
outras ali no bairro. Toca a campainha é atendida por uma senhora que
executara o serviço. A mulher a analisa rapidamente, já vira muitas
iguais a ela, não tem tempo para conversa fiada.Pede-lhe o dinheiro e
manda que espere, pois existem duas mulheres na frente dela. Ela
senta-se e aguarda. Eu tenho que agir rápido. Vibro minha espada no ar,
e os seres trevosos que a acompanham estarrecem ante minha presença.
Fatalmente eles me notam,agora ou correm ou me enfrentam. Decidem
sabiamente pela primeira opção, saem da casa, mas ficam do lado de fora,
tentando contatar outros que podem vir ajudá-los. Aproveito para me
aproximar dela. Envolvo-a com minha capa, ela se acalma, por um
instante, sugestionada por mim e titubeia. Já não tem certeza se deve
continuar. Eu vibro em seu mental para que saia dali vá tomar um ar
fresco lá fora. Ela me atende. Quando chega , ainda envolvida por minha
capa, torna-se invisível para os que a acompanham. Tenho que me
materializar. Ela assusta-se ao me ver, tenta gritar não consegue, tenta
voltar para dentro da casa, mas eu a impeço. Chamo-a pelo nome, digo-lhe
que não deve me temer, falo que venho em paz. Tenho uma missão: Evitar
que ela faça o aborto. Não deve impedir aquele espírito de vir ao mundo.
Pouco importa se a concepção fora fruto de uma aventura. Deve deixá-lo
vir. Será um menino, veio do passado para cumprir uma missão, ela não
deve abortá-lo. Sei que seus pais não aprovarão a gravidez, mas me
comprometo a acalmá-los e fazê-los aceitar. Ela chora, não entende como
pode estar ouvindo aquilo. Falo com tanta firmeza que ela quer saber
quem sou. Digo-lhe que me chamam de Exu Capa Preta, sou um guardião,
protegerei o menino que ela carrega no ventre. Estarei ao lado dele a
vida toda, acompanhando-o, guiando-o e protegendo-o. Portanto ele não
deve temer. Chorando ela consente, avança para a rua, toma um ônibus e
retorna para casa. Protejo-a durante a gravidez, o menino nasce forte e
saudável, cresce sem sobressaltos como prometi. Sempre que acho
conveniente deixo-o que me veja, aos poucos vou me apresentando. Hoje
ele esta feliz, acabara de completar 18 anos.Seus amigos comemoram a
data festiva. Movido pela curiosidade o rapaz resolve conhecer um
terreiro de Umbanda. Estou ansioso, chegou meu grande dia! Ele chega,
senta na assistência. Lá dentro uma gira de Exu. Eu já me entendi com o
Exu chefe da casa, somos bem vindos. Quando ele entra para tomar um
passe com linda Pomba Gira eu tomo-lhe à frente e incorporo. Abraço a
moça com carinho, já nos conhecemos de longa data, fumo, bebo, canto.
Daqui para frente haverei de incorporar sempre que necessário. E assim
foi. Ele desenvolveu, abriu seu próprio terreiro, cumpre com amor e
carinho sua missão. De minha parte não o abandono nunca. Estou sempre
disposto e feliz.
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