Uma vez me disseram que nossas entidades falam com a gente. Eu ficava triste porque não ouvia nenhuma voz do além me dizendo o que fazer, aliás, até desacreditava que isso fosse verdade.
Comentando isso com uma amiga, ela me disse:
- Não é que eles conversam, conversam… É mais um pensamento que se forma dentro de você, um pressentimento, uma intuição. Você precisa prestar atenção senão nem percebe.
E aí algumas coisas aconteceram, e eu comecei a prestar atenção.
Primeiro: Toda manhã eu deixo uma canequinha de café recém-coado pro meu preto-velho, no meu peji e faço uma breve oração. De uns tempos para cá percebi que toda manhã eu sentia falta de ter um terço, um rosário, nas mãos. E essa vontade de ter um rosário só fez aumentar, acho que ele quer.
Segundo: Eu sou uma pessoa em busca da minha fé – Aquele sentimento bonito que nos faz otimistas, nos faz acreditar que, apesar de tudo parecer mostrar o contrário, as coisas darão certo, simplesmente porque darão.
Tenho inveja de quem tem isso. Quero ter.
E desde então, algumas coisinhas no meu dia a dia, sem que nem mais, me pareceram lições.
Uma delas, por exemplo, foi esse fato que me aconteceu há pouco:
Eu respondi a uma pergunta no facebook valendo dois kits para uma corrida de rua. Eu amo correr! Respondi a pergunta e ganhei os dois kits. Fiquei super feliz até perceber que o dia da corrida coincidia com os dias que estaria viajando. Não poderia correr. Escrevi para o lugar da promoção perguntando se eu poderia passar os dois kits para duas amigas minhas e mandei recado no facebook explicando a situação e vendo quem ia querer correr.
Duas meninas se apresentaram, uma delas era amiga de amiga, nem conhecia, mas passei o kit para ela assim mesmo, pedi os dados delas e passei para o concurso.
Dias depois, essa menina desconhecida para qual eu tinha passado o kit escreveu no grupo de corrida que infelizmente não iria participar daquela corrida. Eu não entendi nada! Como assim não ia participar se me pediu o kit e me mandou os dados? Fiquei triste, especialmente com a falta de consideração de nem me falar que não iria. Imediatamente escrevi aos promotores perguntando se eu poderia trocar de pessoa e a ela, para dizer que já que ela não iria correr, eu ia passar o kit para outra amiga para não perder.
Dali a pouco ela me escreveu dizendo que tinha achado que não tinha dado certo, por isso tinha escrito que não ia, mas que ela queria correr sim.
Tarde demais, já tinha passado o kit para uma amiga que estava louca para ir e não tinha dinheiro para pagar a inscrição (bem cara por sinal).
Depois, pensando nesse assunto, percebi que o que esse era um ótimo exemplo de falta de fé. Ela queria correr, mas não acreditou que um kit caro daqueles iria cair na mão dela, vindo de alguém que ela nem conhecia. Ela não acreditou que coisas boas pudessem acontecer a ela de graça, do nada, por encanto.
Então, apesar de querer correr, ela preferiu acreditar que não iria dar certo, e mandou essa mensagem para o mundo “não mereço correr essa prova, não vou participar” o mundo captou a mensagem, tirou dela a graça recebida e passou para outra pessoa, mais aberta a receber.
Guardando as devidas proporções, não é exatamente isso que nós fazemos todo dia? Simplesmente não acreditamos que coisas boas – que caem do céu direto no nosso colo – sejam possíveis de acontecer conosco.
Talvez ter fé, seja não pensar tanto, não ponderar tano e principalmente, não esperar o pior. Talvez seja confiar que o mundo se arranja e rearranja como o GPS, que refaz a rota se você muda a direção, mas sempre acaba te deixando onde você precisa ir.
Talvez ter fé seja não jogar para o mundo o desejo que algo não aconteça, mesmo querendo que aconteça.
E talvez agora eu já esteja entendendo como é que minhas entidades falam comigo.
E esse exemplo foi só um dos muitos que aconteceram nessas ultimas semanas. Meu preto-velho está falando comigo, quase todo dia, através dessas lições, me fazendo ver além do acontecimento, além dos fatos em si.
Será que o mesmo não anda acontecendo com você?
Preciso ir… tenho um rosário para comprar.
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