quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
Caboclo 7 Flechas
Queridos irmãos Caboclos são entidades iluminadas, são guerreiras por criação, nada se pede aos Caboclos sem ter uma resposta, mas lembre-se esta entidade pede que o filho sempre lute por seus objetivos.
Para falarmos de determinada Entidade temos que levar em consideração diversos pontos, para afirmar então que essa ou aquela história pertence a tal Entidade é uma responsabilidade muito grande, para inicio de conversa quem escreve tal história tem ter em mente que a mesma pertence à Entidade que trabalha com ele e não todas as Entidades que carregam o mesmo nome, médiuns diferentes espíritos diferentes.
Vamos falar um pouco deste maravilhoso Caboclo, que de passagem já vos digo que não se trata apenas de uma Entidade e sim de toda enorme Falange que podemos encontrar a serviço de todos os Orixás, que usam o nome deste caboclo, de inicio iremos começar com uma frase muito bonita.
"Você que fala da Umbanda
Não sabe o que a Umbanda é
A Umbanda é força divina
A Umbanda é pra quem tem fé.
A Umbanda é de Preto-Velho
E de Caboclo de pé no chão
A Umbanda é de gente humilde
"Pois a Umbanda é amor e perdão"
Aqui eu não irei contar nenhuma história da Entidade e sim alguns fatores que devemos levar em consideração a respeito deste Caboclo.
A vibração original do Caboclo 7 Flechas é a vibração de Oxossi, porém temos que ter em mente que o Caboclo foi agraciado com 7 flechas em que cada uma representa uma vibração de cada Orixá, tendo assim a incumbência de enviar seus Falangeiros a todas as outras vibrações.
Por este fato é que encontramos Caboclos que usam o nome do seu chefe de legião (Caboclo 7 Flechas), espalhados por todas as 7 Linhas e sub-Linhas da Umbanda, ou seja, em todas as vibrações existentes dentro da Umbanda.
O Caboclo 7 Flechas receberam essas flechas de 7 Orixás, a mando de Oxalá e essas flechas podemos tentar definir cada uma.
- Oxossi colocou uma flecha no seu braço direito, flecha da saúde para que derrame sobre nós os bálsamos curadores.
- Ogum colocou uma flecha no seu braço esquerdo, flecha da defesa para que sejamos defendidos de todas as maldades materiais e espirituais
- Xângo cruzou uma flecha em seu peito, para nos defender das injustiças da humanidade.
- Iansã cruzou uma flecha em suas costas, para nos defender de todas as traições de nossos inimigos.
- Iemanjá colocou uma flecha sobre sua perna direita, para abrir nossos caminhos materiais e na senda da espiritualidade.
- Oxum colocou uma flecha sobre sua perna esquerda, para lavar os nossos caminhos, iluminar os nossos espíritos e nos defender de todas as forças contrárias à vontade de Deus.
- Omulu/Obaluaiê entregou em suas sagradas mãos a flecha da força astral superior, para distribuir à humanidade a Divina força da fé e da verdade.
O Caboclo 7 Flechas
- tem um conhecimento profundo das ervas e das folhas de nossa flora e da flora de outros países
- trabalha na cura
- exímio vencedor de grandes demandas espirituais e como alguns costumam dizer ele é um Caboclo Mandingueiro, ou seja, quebrador de mandingas destinadas a seus filhos e a seus protegidos
- manipulador das energias do Astral e não fica "preso" a nenhuma vibração.
- trabalha dentro de todas as vibrações com os Falangeiros que ele comanda.
Infelizmente alguns de nossos irmãos o confundem com o Caboclo Pena Branca justamente por ele trabalhar em todas as Linhas e em todas as vibrações junto a seus Falangeiros.
Assim também acontece com o Caboclo Pena Branca e seus Falangeiros, mas são Caboclos diferentes, vibrações diferentes e principalmente "ordenanças" diferentes, um tem sua vibração original junto a Oxossi e o outro junto a Oxalá.
Não vá contra a sua consciência, só ela mostra a verdade , ela é a visão clara das coisas que a idolatria pode cegar!Paz profunda!
Amor eterno!
Razão e verdade seja sempre o seu lema!
Assim seja!
(Caboclo 7 Flechas, Do livro: Umbanda é Luz – Wilson T. Rivas)
Alguns Falangeiros do Caboclo 7 Flechas:
7 Flechas Caveira
7 Flechas Douradas
7 Flechas Ligeiras
7 Flechas Douradas
7 Flechas de Angola
7 Flechas da Mata Virgem
7 Flechas de Urucaia
7 Flechas de Aruanda
7 Flechas da Jurema
7 Flechas da Pena Branca
7 Flechas das Montanhas
7 Flechas das Almas
7 Flechas das Matas
7 Flechas da Lua Nova
7 Flechas do Oriente
7 Flechas da pedreira
7 Flechas do Panaiá
7 Flechas de Oxossi
7 Flechas de Ogum
7 Flechas da Lua
7 Flechas Azuis
(..)
Acima apenas alguns Falangeiros que eu conheço, mas com toda certeza existe muitos outros o importante é que já deu para perceber que a Falange do Caboclo das 7 Flechas trabalham em diversas vibrações junto a diversos Orixás.
MAGIA FORTE
César freqüentava aquela casa de umbanda havia dois anos: um ano enquanto assistência e outro como cambone de Pai Josias. Era um jovem que amava tanto a religião que professava que, nos últimos três meses, resolveu participar das reuniões de desobsessões daquela casa de caridade.
Naquela gira, entretanto, César demonstrava um semblante preocupado e pesaroso.
Percebendo as emoções de seu pupilo Pai Josias chamou-o a sentar-se diante de si.
─ Como é que vai suncê meu fio?
─ Eu até que estou bem vovô, graças a Deus!
─ Então por que este "até" zifio? Tem algo preocupando suncê?
César ficou desconcertado, como se estivesse procurando as palavras certas a serem ditas, mas a entidade reforçou o pedido dizendo:
─ Pode falar sem acanhamento nenhum zifio, pois qualquer dúvida no coração não é sinal de vergonha, mas desejo de saber melhor as coisas e o conhecimento é algo muito lindo meu fio, pode fazer perguntador pra nêgo!
César sorriu com aquele jeito tão curioso e perspicaz que só os preto-velhos têm de dizer as coisas e falou:
─ O senhor acha que estou bem vovô?
─ Depende meu fio, o que é estar bem para você?
César sorriu enquanto seu olhar marejava e foi quando a entidade disse-lhe:
─ O que é que tá trazendo tanta preocupação a suncê meu fio? Pode contar porque nêgo só vai escutar sem julgar!
─ O senhor me desculpe vovô, mas acho que estou necessitando de uma magia forte de proteção.
─ Mas por que zifio, o que é que tá acontecendo com suncê?
─ Como o senhor sabe faz três meses que comecei a participar dos trabalhos de desobsessão desta casa.
─ Isto, nêgo se alembra meu fio.
─ Então, acho que o senhor vê que eu procuro fazer este trabalho com todo o meu coração.
─ Nêgo não tem dúvidas disso meu fio!
─ Pois bem, mas desde quando eu entrei nestes trabalhos a cada mês que passou após um membro de minha família adoeceu seriamente: há três meses foi minha esposa, mês retrasado foi minha filha e este mês foi minha mãe que está passando um tempo conosco.
─ Nêgo tá entendendo zifio.
─ Como eu tenho vindo ao terreiro penso que deva ser mais difícil para as forças do baixo-astral atingir a mim tentando impedir-me de vir às reuniões de desobsessão, assim, acho que as trevas estão tentando atingir-me por meio de minha família.
─ E suncê acha que o terreiro não está fornecendo a devida proteção que suncê e família carecem pra viver sem estes ataques e fazerem o bem com menos preocupação, e justamente por isto estava todo envergonhado de vir conversar com este nêgo, não é?
César cambonava aquela entidade já há certo tempo, mas a forma como ela demonstrava conhecimento e compreensão acerca do seu atual estado mental sem que ele precisasse verbalizar muita coisa deixou-o boquiaberto.
─ Suncê não precisa se sentir envergonhado, pois como nêgo disse antes a busca do conhecimento no bem traz é luz para o espírito.
─ O senhor está certo vovô!
─ Zifio, eu entendo sua preocupação, mas antes de passar uma magia forte suncê permite nêgo contar uma história?
─ Claro vovô, suas histórias são sempre ótimas, fique a vontade!
─ Zifio, certa vez acabou a comida no esgoto e uma ratazana se viu obrigada a sair de sua morada para habitar noutro canto. Saindo de sua morada o animal observou que poderia entrar em duas casas: uma era asseada, limpa e organizada; a outra era uma imundice só, pois a não era varrida há meses, os móveis estavam cobertos de pó e havia inúmeros entulhos espalhado pelo chão, suncê tá entendendo zifio?
─ Estou sim senhor!
─ Então nêgo pergunta: se suncê fosse esta ratazana em qual destas moradas escolheria habitar?
─ Com certeza que seria a casa suja!
─ Por que zifio?
─ Por que se parece mais com o antigo habitat da ratazana.
─ Muito bem zifio, afinal na casa limpa não há nada que desperte afinidade na ratazana, não é isso?
─ Isso vovô, é isso mesmo, é tudo questão de afinidade!
─ Muito bem meu fio! Nêgo gostou desta sua ultima percepção.
─ Zifio, nêgo pode fazer mais uma pergunta?
─ Claro vovô, não precisa nem pedir!
─ Fio, tem muito tempo que suncê não defuma sua casa?
─ Tem sim vovô, por volta de dez meses.
─ Mas suncê não é umbandista?
─ Graças a Deus!
─ E o que tem impedido suncê de fazer defumador no seu casuá?
César encabulou-se e baixou a cabeça. A entidade continuou:
─ São as tarefas, as atividades, as dificuldades e os problemas do dia-a-dia não é meu fio?
─ É isso mesmo vovô, minha vida é muito atribulada e ai eu acabo me acomodando com a situação.
─ Pois é meu fio, realmente nêgo sabe que a vida de suncês no corpo de carne é realmente bastante difícil, mas, ainda assim, devo pedir que você retorne a defumar sua casa. Suncê verá como as coisas ficarão diferentes.
─ Pode deixar vovô, farei tudo como o senhor pede, mas e aquela magia forte, o senhor pode me ensinar?
─ A magia forte que nêgo falou antes zifio?
─ Isto vovô!
─ Então zifio, este preto-velho acabou de passar pra suncê.
─ A defumação?
─ É zifio! Por que a cara de espanto?
─ Ora vovô a defumação não funciona para afastar permanentemente espíritos perturbados, não é verdade?
─ Fio tá sabido hein!
─ Até onde sei, na realidade, a defumação serve mais para limpeza energética dos lugares, não é verdade?
─ Fio recordando o que conversamos ainda agorinha: onde que é mais provável de uma ratazana morar? Numa casa limpa ou numa casa suja?
─ Na casa suja vovô, mas mesmo que a casa estivesse limpa o rato poderia entrar.
─ Mas não é mais fácil expulsar o rato de uma casa se ela estiver limpa?
─ Puxa vovô ou o senhor não está entendendo ou não está querendo entender!
─ Desculpa a ignorância deste nêgo meu fio, mas explica mais um pouquinho para que suncê perceba que talvez seja suncê que num tá entendendo este véio.
─ Não vovô eu entendi tudo que o senhor falou: o senhor determinou que eu voltasse a defumar minha residência a fim de que "ratos" não a invadam e assim eu o farei, mas só que enquanto eu não defumava a casa ratos aproximaram-se de minha esposa, minha filha e minha mãe causando doenças e eu gostaria de saber o que fazer para espantar estes ratos.
─ Fio a cada vez que suncê vem em terreiro tais ratos são afastados de suncê e todo seu familiador sempre, é claro, de acordo com o merecimento de cada um! Acontece que ao longo dos dias que sucedem as giras no terreiro suncês tudo se emporcalham tanto a si mesmos quanto o casuá em que vivem que daí acabam atraindo novos ratos para perto de suncês.
A entidade amiga deu algumas baforadas em seu cachimbo e continuou:
─ Suncê com problemas no local de trabalho e sua companheira com os vizinhos, absorvendo estas energias e espalhando-as em cada canto de cada cômodo do seu lar: e tome reclamação contra a vida, contra o chefe, contra os colegas de trabalho, contra as contas a pagar!
Pai Josias continuou:
─ Aí surgem as desavenças com a esposa e suncês acabam, quase sempre, por discutir na frente da criança pela roupa amarrotada, pelo café amargo, pelo baixo salário, por que o vizinho não respondeu ao seu "Bom dia"!
─ Compreenda zifio que por conta da falta de defumação e de outras medidas energeticamente profiláticas e umbandistas como o hábito de cruzar semanalmente a casa, pode-se dizer que onde suncês moram não está devidamente asseado, mas só que suncês acabam por piorar ainda mais a situação com todo este lixo mental, emocional, psicológico e energético.
─ Defume seu casuá, mude seu padrão vibratório e consciencial que suncê, nas forças de Deus-Nosso-Pai, verá mudanças prodigiosas em sua vida. Pode deixar que dos ratos nós, segundo o merecimento de cada um, cuidamos. Preocupem-se apenas em manter as vossas duas casas higienizadas: seu casuá, onde mora suncê e os seus familiares e seu vaso corporal, onde reside vosso espírito.
─ Sei que você crê na onipotência de Deus, só não descreia jamais que grande parte do poder Dele está nas coisas simples: Gandhi venceu a intolerância por meio de simples jejuns, Moisés venceu faraó com um simples cajado e Jesus venceu o mundo com a Lei de Amor. Viver na carne não é simples, amar também não, mas creia na simplicidade das coisas de Deus, da Umbanda e dos fundamentos a ela pertinentes que suncê verá os instrumentos de que se servem as trevas para semearem discórdias, desgraças e maldades serem desativados diante de si.
─ Creia meu fio e chame as bênçãos de Deus pra junto de suncê, acredite na simplicidade das coisas de Deus e o mal, assim, da sua vida se desarmará.
─ Uma flor pode desarmar o mais bélico dos exércitos, o perdão pode desarmar o ódio mais feroz, pensamentos vibrados em paz e amor podem desarmar a mais potente magia negra, da mesma forma que uma "mera" defumação desarma a casa, a família e a vida de suncês de toda a sujeira astral com que vocês a municiam por conta das reclamações e impropérios resultantes das vicissitudes de vossas existências corpóreas; vicissitudes estas que, na realidade, são instrumentos que podem guiá-los a angelitude se corretamente manejados, mas que suncês ainda, infelizmente, não conseguem percebê-los enquanto tal.
E a entidade, que tinha diante de si um consulente aos prantos, aguardou que César serenasse as emoções. Instantes após pediu um abraço apertado e, posteriormente, disse-lhe olhando fixamente nos olhos:
─ Nêgo acredita em Deus meu filho, mas não descrê de suncê! Creia mais na simplicidade das coisas de Deus e vá na força e na luz de Zambi-Nosso-Pai!
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
Negro Tomas
Negro Tomas, um escravo que veio de Congo na divisa com Angola no território africano, em chegado ao Brasil pelos mercadores de escravos, o mesmo fora levado ao mercado de negros e por se tratar de um negro bem apanhado fora comprado por um senhor de engenho o qual tinha escravos que se utilizava de fugas e sabendo que o negro tomas seria da milícia de Congo o mesmo fará incumbido a caça-los, fora então o negro Tomas empossado como um caçador de negros que utilizavam de fugas para se livrarem dos trabalhos, mandado a um *Quilombo no interior de Minas Gerais negro Tomas não podia ser seus conterrâneos Africanos nos estados de abandono em que se encontravam, porque o negros que fugiam eram então levados aos Quilombos e açoitados quase ate a morte, negro Tomas se compadecendo dos mesmos passou a ajuda-los com terapias de ferimentos utilizando o que dispunha na época, ervas, graça animal e até água, mas não podia ele Tomas, ficar cuidando dos seus pois sua incumbência era exatamente o oposto, caça-los e castiga-los, fazia ele então o que os senhores o mandava, saia a procura dos escravos fugitivos e ao encontra-los, na maioria das vezes todos em estado lastimável de saúde, o levava para Quilombos mas ao invés de os castigarem começava ele, negro Tomas, a orienta-los de como agiriam para poderem terem seus “irmãos” livres, começou ai então uma rebelião nacional dos negros fugitivos, Tomas passou então a ser visto pelos negros como um salvador da escravidão a que eles estavam expostos. Tomas não recebia salário pelos préstimos aos senhores fazendeiros e proprietários de negros, apenas tinha “regalias” para um negro da época, era respeitado pelos milicianos da força nacional pois tinha vasto conhecimento na região em que atuava e se valendo deste conhecimento e destas “regalias” tentava impedir ao máximo a entrada de outros caçadores na floresta onde existiam tais quilombos. Era Tomas um negro bastante religioso e dizia sempre que um dia o Sinhozinho Jesus Cristo os libertaria daquela escravidão e da vida de mentiras em que ele Tomas estava envolto, mal sabia ele Tomas, que para sua infelicidade no meio dos negros ao qual ele próprio “capturou” e o levou ate um quilombo havia um ao qual por inveja de suas “regalias” com os brancos e sua autoridade com os negros, viera a denuncia-lo para os senhores de engenhos e fazendeiros o qual não tiveram perdão, mandaram os feitores prender Tomas e o negro ao qual fora o denunciante, ao denunciante mataram friamente e a Tomas o Açoitaram até a Morte, ou até ele proferir suas ultimas palavras: SINHOZINHO JESUS CRISTO VAI ME LIBERTAR..
Pai Joaquim D'Angola
Pai Joaquim D'Angola apresenta-se sempre com uma calça branca, sem camisa e com uma guia somente.
Traz na mão esquerda seu cachimbo e na mão direita uma pemba branca.
Falar de Pai Joaquim D'Angola não é tarefa fácil.
Sempre que arria, mesmo que para trabalhos rápidos, sempre deixa grandes lições.
Sempre fala com carinho aos consulentes e a outros médiuns, mesmo quando está irritado com suas ações, procedimentos ou quando há algo errado no terreiro.
Quando incorpora, sempre traz uma sensação de alívio muito aconchegante. Sua primeira preocupação é limpar o médium com quem vai trabalhar, mantê-lo equilibrado energeticamente para que este não carregue nada ruim enquanto trabalha.
Sua maneira de trabalho é muito peculiar. Trabalha nas duas bandas e pode virar o trabalho para esquerda sem que qualquer pessoa no terreiro consiga perceber facilmente. Sempre se apresenta com um ótimo senso de humor e procura sempre deixar suas lições de maneira simples e objetiva, para que não fiquem dúvidas com relação ao assunto.
É exímio conhecedor das propriedades medicinais das plantas. Sua especialidade é trabalhar com a saúde.
Pai Joaquim D'Angola é chefe de falange e vale a pena frisar que sua falange é enorme. Tem grande influência sobre seus comandados e uma equipe muito grande de Exús a seu serviço.
Pai Joaquim, como muitos Pretos-Velhos, foi trazido ao Brasil na época da escravidão. Era um simples morador de uma aldeia na Angola, hoje chamada de Lobito, quando houve a invasão portuguesa. Os portugueses escravisaram diversos negros que apresentavam um bom estado de saúde para que servissem de escravos do outro lado do Atlântico. Pai Joaquim foi arrancado do seio de sua família, tinha esposa e filhos nesta época.
Um de seus filhos gerou um filho com o nome de Tomáz, seu neto, hoje uma entidade conhecida na Umbanda que apresenta-se com o nome de Pai Tomáz.
Quando Pai Joaquim chegou ao Brasil trabalhou pelo resto da vida em uma fazenda de cana e café na região de Minas Gerais.
Durante sua vida na fazenda, começou a ser chamado de Pai Joaquim pois era o curandeiro da tribo que se formou. Sempre tinha uma maneira de aliviar o sofrimento físico de seus irmãos através do uso de plantas, desenvolvendo chás, unguentos e emplastros. Era muito hábil em animar seus irmãos com mensagens de carinho e esperança. Sempre tinha uma boa lição para ensinar.
Seus feitos milagrosos com seus irmãos chamaram a atenção dos senhores das fazendas que começaram a levar seus entes para serem tratados por Pai Joaquim. Ele amorosamente os tratava da melhor maneira possível. A notícia de seus feitos estava se disseminando entre as comunidades mais próximas, o que o denotou como curandeiro e, para algumas pessoas da época, simplesmente bruxo, conhecedor das magias dos negros e, nesta época, totalmente condenável pela igreja católica.
Certo dia, uma criança, filha de um dos senhores, foi levada até Pai Joaquim para que fosse tratada de sua enfermidade. Ela apresentava sérios problemas de saúde. No início do tratamento, Pai Joaquim já sabia que ela lhe foi levada tarde demais e que seria quase impossível devolver-lhe a saúde tão esperada.
O senhor, pai da criança, disse que se Pai Joaquim não a curasse de tal enfermidade, ele mesmo trataria de ordenar sua morte e que esta se daria com muito sofrimento.
Pai Joaquim, com todo seu conhecimento não pôde restaurar-lhe a saúde e a criança acabou desencarnando.
Após a dor da perda, o senhor imediatamente ordenou que o velho Joaquim fosse açoitado até a morte, para que dessa maneira todos os outros aprendessem com quem estavam lidando e que não lhe adiantavam quaisquer outros meios de cura se não fosse pela tradicional. Os senhores das fazendas não tolerariam mais os atos de curandeiros, nem negros que detivessem o poder de manipular as magias que só eles conheciam.
Pai Joaquim foi açoitado por um dia inteiro, sem direito à qualquer alimento ou sequer um pouco de água.
Durante sua sessão de tortura, ele chorava e pedia a Deus que lhe levasse, pois a sua dor era insuportável. Não só a dor da carne, mas também a dor de seus sentimentos, donde tanto fez para trazer a paz, alegria e saúde aos que agora açoitavam-lhe sem piedade.
Quanto mais o tempo passava, mais Pai Joaquim odiava tudo o que tinha feito pelo próximo, e o pior, começava a odiar a Deus pelas suas Leis e pelo que lhe tinha reservado à vida.
"Como podia um Deus tão bom e tão justo deixar que façam isso comigo? Eu que sempre zelei pelas suas leis e pelos seus ensinamentos? Eu que fui escravizado e o resto de minha vida fui condenado a trabalhar como um animal de carga? Deixaste-me, ó meu Deus, que me tratassem como um animal, quando o que mais queria era tratar meus semelhantes da forma mais humana, transmitindo-lhes o amor que o Senhor tanto tenta nos ensinar!!! Eu que era só amor agora me transformo em ódio, por tudo que fiz e que mereço agora são chibatadas neste corpo frágil e cansado do trabalho e do tempo!!! Onde estás meu Deus que não me protege nesta hora de minha maior agonia???"
Pai Joaquim deixou o plano terreno ao entardecer, quando a luz do sol já não lhe aquecia mais o corpo.
Viu-se envolto por uma névoa branca. Assustador o que sentia pois ainda levava consigo a dor dos chicotes, a saudade de seus irmãos... o amor pelos seus...
Só e perdido, começou a orar mais uma vez. Percebeu que ninguém lhe chegava, nenhuma alma vinha lhe prestar socorro ou ao menos lhe dizer o que fazer ou para onde ir.
Após um bom tempo de espera angustiosa, irritado com tal situação, começou a esbravejar:
"E agora??? Onde está esse tal Deus que vocês sempre me ensinaram que existe??? Que Deus é esse que simplesmente me deixou quando mais precisei Dele??? Que Deus é esse que ao invés de me ensinar o amor me ensinou a dor??? Que Deus é esse???"
Enquanto esbravejava, notou que não tocava seus pés no chão. Parou de falar por alguns instantes. Olhou para trás e viu que quem o segurava em seus braços era Jesus Cristo, que caminhava em direção ao Pai.
Jesus disse-lhe:
"- Tenha calma, meu velho, meu amigo, meu irmão, que sua dor já passou. E pra onde nós estamos indo nunca mais sentirás dor, nunca mais sentirás saudades, nunca mais sentirás solidão e terás a todos que ama ao vosso lado!"
A criança cuja enfermidade não foi possível curar hoje acompanha esse querido Preto-Velho em todos os trabalhos em que participa. Ela somente incorpora em médiuns que apresentam grande afinidade vibratória com Pai Joaquim e que estejam muito equilibrados durante o trabalho. Sua incorporação só é necessária quando determinada pelo Pai Joaquim.
O porque do nome de Pai Joaquim D'Angola e o seu chapéu de palha
Pai Joaquim (ou Iquemí) foi um forte guerreiro, filho prometido de uma família real africana, oriunda de Angola, África, para reinar junto ao seu povo.
Iquemí era príncipe majestoso, amava sua liberdade, seus amores, um legítimo filho de Xangô.
Mas entre guerra de brigar pelo poder, Iquemí foi aprisionado por uma tribo inimiga que o entregaram aos mercadores brancos.
Iquemí, o grande guerreiro, príncipe de sua tribo, estava em desespero. Preso como um animal, veio no porão de um navio aos gritos de desespero dos seus inimigos de cor.
O mercador de escravos, dono do navio onde vinha Iquemí, soube do destaque de ter um príncipe entre os outros escravos, observou o seu porte, sua beleza, seus dentes perfeitos e seu corpo musculoso, mas viu nos seus olhos que não se submeteria aos maus tratos em se tornar um escravo.
O mercador de escravos chama-se Manoel Joaquim, nascido em Lisboa, decidiu então ficar com Iquemí na sua fazenda nas terras da Bahia.
Assim Iquemí chegou à Bahia e foi para a fazenda do mercador.
Mas Iquemí não aceitava ser escravo, o mercador se afeiçoou a Iquemí devido a sua valentia, sua força e destaque entre os negros, mal sabia que sobre a luz do espiritismo ambos eram almas afins unidos pelo destino.
Iquemí foi conquistando a amizade do senhor Manoel Joaquim, que só teve um filho que morreu cedo com a peste, gostava de Iquemí como de um filho e um dia lhe disse:
"- Negro, tu não tens um nome, um nome verdadeiro, um nome onde vais ser conhecido, vou pensar como te chamar."
O mercador adoeceu seriamente, antes de morrer batiza Iquemí de Manoel Joaquim de Luanda, um pedido de Iquemí.
Sua fama correu por terras, envelhecendo se tornou pai de todos, Pai Manoel Joaquim de Luanda ou Pai Joaquim D'Angola.
Seu papel na escravidão foi importantíssimo.
Promovia a paz entre seus irmãos de cor. Bondoso, um verdadeiro cristão, Pai Joaquim recebeu sei primeiro chapéu de palha dado por um bispo da igreja local quando sua cabeça já era toda branquinha.
Sofreu muito no cativeiro, mas jamais esqueceu sua grande e velha mão África.
Traz na mão esquerda seu cachimbo e na mão direita uma pemba branca.
Falar de Pai Joaquim D'Angola não é tarefa fácil.
Sempre que arria, mesmo que para trabalhos rápidos, sempre deixa grandes lições.
Sempre fala com carinho aos consulentes e a outros médiuns, mesmo quando está irritado com suas ações, procedimentos ou quando há algo errado no terreiro.
Quando incorpora, sempre traz uma sensação de alívio muito aconchegante. Sua primeira preocupação é limpar o médium com quem vai trabalhar, mantê-lo equilibrado energeticamente para que este não carregue nada ruim enquanto trabalha.
Sua maneira de trabalho é muito peculiar. Trabalha nas duas bandas e pode virar o trabalho para esquerda sem que qualquer pessoa no terreiro consiga perceber facilmente. Sempre se apresenta com um ótimo senso de humor e procura sempre deixar suas lições de maneira simples e objetiva, para que não fiquem dúvidas com relação ao assunto.
É exímio conhecedor das propriedades medicinais das plantas. Sua especialidade é trabalhar com a saúde.
Pai Joaquim D'Angola é chefe de falange e vale a pena frisar que sua falange é enorme. Tem grande influência sobre seus comandados e uma equipe muito grande de Exús a seu serviço.
Pai Joaquim, como muitos Pretos-Velhos, foi trazido ao Brasil na época da escravidão. Era um simples morador de uma aldeia na Angola, hoje chamada de Lobito, quando houve a invasão portuguesa. Os portugueses escravisaram diversos negros que apresentavam um bom estado de saúde para que servissem de escravos do outro lado do Atlântico. Pai Joaquim foi arrancado do seio de sua família, tinha esposa e filhos nesta época.
Um de seus filhos gerou um filho com o nome de Tomáz, seu neto, hoje uma entidade conhecida na Umbanda que apresenta-se com o nome de Pai Tomáz.
Quando Pai Joaquim chegou ao Brasil trabalhou pelo resto da vida em uma fazenda de cana e café na região de Minas Gerais.
Durante sua vida na fazenda, começou a ser chamado de Pai Joaquim pois era o curandeiro da tribo que se formou. Sempre tinha uma maneira de aliviar o sofrimento físico de seus irmãos através do uso de plantas, desenvolvendo chás, unguentos e emplastros. Era muito hábil em animar seus irmãos com mensagens de carinho e esperança. Sempre tinha uma boa lição para ensinar.
Seus feitos milagrosos com seus irmãos chamaram a atenção dos senhores das fazendas que começaram a levar seus entes para serem tratados por Pai Joaquim. Ele amorosamente os tratava da melhor maneira possível. A notícia de seus feitos estava se disseminando entre as comunidades mais próximas, o que o denotou como curandeiro e, para algumas pessoas da época, simplesmente bruxo, conhecedor das magias dos negros e, nesta época, totalmente condenável pela igreja católica.
Certo dia, uma criança, filha de um dos senhores, foi levada até Pai Joaquim para que fosse tratada de sua enfermidade. Ela apresentava sérios problemas de saúde. No início do tratamento, Pai Joaquim já sabia que ela lhe foi levada tarde demais e que seria quase impossível devolver-lhe a saúde tão esperada.
O senhor, pai da criança, disse que se Pai Joaquim não a curasse de tal enfermidade, ele mesmo trataria de ordenar sua morte e que esta se daria com muito sofrimento.
Pai Joaquim, com todo seu conhecimento não pôde restaurar-lhe a saúde e a criança acabou desencarnando.
Após a dor da perda, o senhor imediatamente ordenou que o velho Joaquim fosse açoitado até a morte, para que dessa maneira todos os outros aprendessem com quem estavam lidando e que não lhe adiantavam quaisquer outros meios de cura se não fosse pela tradicional. Os senhores das fazendas não tolerariam mais os atos de curandeiros, nem negros que detivessem o poder de manipular as magias que só eles conheciam.
Pai Joaquim foi açoitado por um dia inteiro, sem direito à qualquer alimento ou sequer um pouco de água.
Durante sua sessão de tortura, ele chorava e pedia a Deus que lhe levasse, pois a sua dor era insuportável. Não só a dor da carne, mas também a dor de seus sentimentos, donde tanto fez para trazer a paz, alegria e saúde aos que agora açoitavam-lhe sem piedade.
Quanto mais o tempo passava, mais Pai Joaquim odiava tudo o que tinha feito pelo próximo, e o pior, começava a odiar a Deus pelas suas Leis e pelo que lhe tinha reservado à vida.
"Como podia um Deus tão bom e tão justo deixar que façam isso comigo? Eu que sempre zelei pelas suas leis e pelos seus ensinamentos? Eu que fui escravizado e o resto de minha vida fui condenado a trabalhar como um animal de carga? Deixaste-me, ó meu Deus, que me tratassem como um animal, quando o que mais queria era tratar meus semelhantes da forma mais humana, transmitindo-lhes o amor que o Senhor tanto tenta nos ensinar!!! Eu que era só amor agora me transformo em ódio, por tudo que fiz e que mereço agora são chibatadas neste corpo frágil e cansado do trabalho e do tempo!!! Onde estás meu Deus que não me protege nesta hora de minha maior agonia???"
Pai Joaquim deixou o plano terreno ao entardecer, quando a luz do sol já não lhe aquecia mais o corpo.
Viu-se envolto por uma névoa branca. Assustador o que sentia pois ainda levava consigo a dor dos chicotes, a saudade de seus irmãos... o amor pelos seus...
Só e perdido, começou a orar mais uma vez. Percebeu que ninguém lhe chegava, nenhuma alma vinha lhe prestar socorro ou ao menos lhe dizer o que fazer ou para onde ir.
Após um bom tempo de espera angustiosa, irritado com tal situação, começou a esbravejar:
"E agora??? Onde está esse tal Deus que vocês sempre me ensinaram que existe??? Que Deus é esse que simplesmente me deixou quando mais precisei Dele??? Que Deus é esse que ao invés de me ensinar o amor me ensinou a dor??? Que Deus é esse???"
Enquanto esbravejava, notou que não tocava seus pés no chão. Parou de falar por alguns instantes. Olhou para trás e viu que quem o segurava em seus braços era Jesus Cristo, que caminhava em direção ao Pai.
Jesus disse-lhe:
"- Tenha calma, meu velho, meu amigo, meu irmão, que sua dor já passou. E pra onde nós estamos indo nunca mais sentirás dor, nunca mais sentirás saudades, nunca mais sentirás solidão e terás a todos que ama ao vosso lado!"
A criança cuja enfermidade não foi possível curar hoje acompanha esse querido Preto-Velho em todos os trabalhos em que participa. Ela somente incorpora em médiuns que apresentam grande afinidade vibratória com Pai Joaquim e que estejam muito equilibrados durante o trabalho. Sua incorporação só é necessária quando determinada pelo Pai Joaquim.
O porque do nome de Pai Joaquim D'Angola e o seu chapéu de palha
Pai Joaquim (ou Iquemí) foi um forte guerreiro, filho prometido de uma família real africana, oriunda de Angola, África, para reinar junto ao seu povo.
Iquemí era príncipe majestoso, amava sua liberdade, seus amores, um legítimo filho de Xangô.
Mas entre guerra de brigar pelo poder, Iquemí foi aprisionado por uma tribo inimiga que o entregaram aos mercadores brancos.
Iquemí, o grande guerreiro, príncipe de sua tribo, estava em desespero. Preso como um animal, veio no porão de um navio aos gritos de desespero dos seus inimigos de cor.
O mercador de escravos, dono do navio onde vinha Iquemí, soube do destaque de ter um príncipe entre os outros escravos, observou o seu porte, sua beleza, seus dentes perfeitos e seu corpo musculoso, mas viu nos seus olhos que não se submeteria aos maus tratos em se tornar um escravo.
O mercador de escravos chama-se Manoel Joaquim, nascido em Lisboa, decidiu então ficar com Iquemí na sua fazenda nas terras da Bahia.
Assim Iquemí chegou à Bahia e foi para a fazenda do mercador.
Mas Iquemí não aceitava ser escravo, o mercador se afeiçoou a Iquemí devido a sua valentia, sua força e destaque entre os negros, mal sabia que sobre a luz do espiritismo ambos eram almas afins unidos pelo destino.
Iquemí foi conquistando a amizade do senhor Manoel Joaquim, que só teve um filho que morreu cedo com a peste, gostava de Iquemí como de um filho e um dia lhe disse:
"- Negro, tu não tens um nome, um nome verdadeiro, um nome onde vais ser conhecido, vou pensar como te chamar."
O mercador adoeceu seriamente, antes de morrer batiza Iquemí de Manoel Joaquim de Luanda, um pedido de Iquemí.
Sua fama correu por terras, envelhecendo se tornou pai de todos, Pai Manoel Joaquim de Luanda ou Pai Joaquim D'Angola.
Seu papel na escravidão foi importantíssimo.
Promovia a paz entre seus irmãos de cor. Bondoso, um verdadeiro cristão, Pai Joaquim recebeu sei primeiro chapéu de palha dado por um bispo da igreja local quando sua cabeça já era toda branquinha.
Sofreu muito no cativeiro, mas jamais esqueceu sua grande e velha mão África.
Rei Congo
Rei Congo é um Preto Velho amado por toda a Umbanda, pela sua humildade e serenidade.
Ele foi escravo entre o século XVI e o século XVII, e desde sua juventude era um guerreiro, que lutava em prol de seus irmãos africanos que tanto sofriam nas mão de seus Coronéis e Feitores.
A história diz que Rei Congo, que tinha seu nome de batismo como Octácilio, era um grande rezador e curador de doenças, ficando sendo conhecido entre negros e brancos pelo seus tratamentos das moléstias como a tuberculose, que na época exterminava muitas pessoas sem escolher cor nem raça.
O negro Octácilio, certa vez após uma das filhas de um Coronel fazendeiro, chamado de "Senhor do café", ficar muito fraca com a famigerada doença assassina, a tuberculose, ficou muito conhecido em toda região pelo tratamento dado a pequena sinhá, através de seus conhecimentos de ervas utilizadas em chás e compressas, sanando assim todo mal estar sofrido por ela e curando-a de vez da tão maléfica doença. Após esse fato Octácilio começou a frequentar outras fazendas da região para, com sua sabedoria ajudar outras pessoas que sofriam além da famigerada tuberculose outros males que afligiam a tão covarde e intolerante classe branca e rica da época.
Com essas viagens de fazenda em fazenda, Octácilio começou a perceber que seus irmãos negros sofriam grandes humilhações e maus tratos dos então feitores que ordenados pelos coronéis, mandavam castigar na chibata e no tronco todos os negros sem que houvesse motivo para tal covardia.
E foi assim que o jovem Octácilio tomou para si a vontade de lutar contra essas atrocidades, e dia após dia ele tomado por seu desejo de liberdade e também pela grande vontade de livrar seus irmãos das garras covarde de feitores e coronéis, ele decidiu então tentar a fuga, com o objetivo de mais tarde tentar ajudar os outros escravos a fazerem o mesmo.
Enfim chega a noite da fuga, Octácilio e mais alguns negros, após um dia cansativo na preparação da terra para um novo plantio de café, conseguem fugir do cativeiro após dominarem o feitor e seus jagunços quando já iam acorrentar as portas do senzala.
Vários negros fugiram, muitos deles foram recapturados e outros mortos, mas Octácilio conseguindo se embrenhar nas matas escuras conseguiu enfim a sua liberdade.
A partir desse dia, Octácilio com a ideia fixa em tentar libertar seus irmãos escravizados, rogou a Pai Oxalá e a todos os Orixás que lhe mostrassem o caminho para que ele conseguisse o tal feito.
Após vários dias e noites fugindo pelas matas sagradas de Pai Oxossi, ele se depara com uma montanha, que na época era conhecida como "Monte dos Perdidos", essa montanha tinha centenas de caminhos que interligados chegavam a lugar algum, e apenas um caminho levava ao cume da montanha.
Octácilio por algumas vezes já ouvira falar da lenda do "Monte Perdido", e sabia que o cume dessa montanha seria o lugar ideal para se abrigar e abrigar os negros que ele desejava libertar dos açoites e dos troncos destruidores.
Em suas orações ele pediu aos Orixás Sagrados que lhe abrissem o caminho, e que ele conseguisse chegar ao cume da montanha sem se perder pelo labirinto que o levaria a morte.
Foi ai que ele começou sua caminhada rumo a tão assustadora montanha, e sem se dar conta, subia a trilha de maneira tão segura e confiante que sem esperar em poucas horas já estava diante de um grande campo florido com um grandioso lago de águas límpidas. Ele admirado por tanta beleza daquela natureza que lhe foi entregue por Oxalá, ele se ajoelha e agradece pelo presente tão belo.
E foi nesse belo e protegido lugar que Octácilio começou a sua luta de livrar da escravidão seus irmãos negros, pois ali estava nascendo o Quilombo do Congo" e também o sonho de ali ser o caminho da paz buscada pelos quilombolas.
Entrando pelas fazendas cafeeiras durante as madrugadas, Octácilio começou a resgatar os negros escravos, levando-os para o Quilombo do Congo, e ali esses negros começaram a plantar, a construir seus lares e constituir família.
Octtácilio escolhia os negros mais novos, fortes e ágeis, fazendo deles um grupo de guerreiros da mesma causa, ou seja libertar mais e mais escravos, e no primeiro grupo já preparado para ação, o negro Octácilio recebeu o nome de Rei do Quilombo do Congo, e todos a partir desse dia passaram a lhe chamar de "Rei Congo", como é conhecido até hoje nas casas de Umbanda.
Certa vez, em mais uma das centenas de vezes que Rei Congo tentava buscar a liberdade para os negros escravizados, um certo coronel muito temido dentro da região fez com que seus feitores e centenas de jagunços ficassem de tocaia por vários dias e noites com intuito de capturar o libertador de escravos. E numa noite nebulosa no qual Rei Congo e seus guerreiros estavam prontos para mais uma ação, o velho negro Malaquias, que tinha o dom da vidência, disse ao seu Rei negro que aquela noite ele não deveria levar seus guerreiros, pois muitas mortes poderiam ocorrer, ele deveria ir só, pois apesar de ser muito perigoso seria dessa oportunidade que ele traria um grande aliado nas causas que lutavam.
Rei Congo com toda sua humildade concordou com o velho Malaquias, e saiu só para essa missão, ao chegar a fazenda em questão, Rei Congo tenta chegar a senzala onde dormiam os negros escravizados. Porém a um certo momento Rei Congo se depara com um dos feitores da fazenda com dezenas de jagunços armados. O feitor o acorrenta em um tronco próximo a senzala, a espera do dia raiar e acatar as ordens do tão famigerado coronel.
Rei Congo com olhar firme porém sereno, tenta buscar forças nas palavras do velho Malaquias, tentava entender todo o fato, toda a causa do acontecimento. Sabia ele que tudo que acontecera teria uma razão, porém até então não conseguia chegar numa resposta em que aquilo tudo poderia ajudá-lo na luta contra a escravidão.
O sol raiou, e o feitor que ora tinha acorrentado Rei Congo, tinha um semblante cansado, parecia amargurado. Ele manda um dos seus jagunços levarem a notícia da captura do libertador de escravos ao coronel, que logo vem com as ordens de açoitarem o negro libertador até a morte, e que levassem o corpo dele a té ele, para junto a outros coronéis fazendeiros comemorassem a morte do tão temido Rei Congo.
E foi dada a missão ao feitor de levar a morte a Rei Congo por meio da chibata. E ele, o feitor, já preparado para o começo da tortura daquele corpo preso ao tronco de madeira por meio de correntes de aço, quando olha nos olhos de Rei Congo e diz se ele era o tal negro curador de doenças tão conhecido dentro da região por ter curado muitas pessoas da tão medonha doença, que na época era a tuberculose. Rei Congo, ainda com olhar sereno apenas balançou a cabeça afirmativamente. Então o feitor o livra das correntes e se jogando aos pés de Rei Congo pede a ele para salvar a sua amada que se encontrava tísica, ela estava extremamente enfraquecida e sem nenhuma chance de sobreviver. Rei Congo estendendo a mão ao feitor, lhe pergunta se ele tinha fé, ele responde que sim, então Rei Congo diz que ele ia libertar sim a doce jovem dos males da tuberculose.
O feitor, sabendo que teria que entregar o corpo de Rei Congo para os coronéis, resolveu então libertá-lo e seguir com ele e sua amada para o Quilombo do Congo. E assim foi feito, nesse mesmo dia saíram fugidos da fazenda rumo ao Monte dos Perdidos, e mesmo durante a viagem Rei Congo fazia seus chás e compressas para o tratamento da jovem Rosa, que dia após dia ia recuperando sua saúde. E ao chegarem a seu destino, com cuidados mais especiais, com o tratamento vindo das ervas e compressas sagradas do velho Congo, Rosa se recuperou totalmente, e em agradecimento o feitor, que tinha o nome de Amadeu, jurou lealdade a Rei Congo, que se transformou em um dos grandes guerreiros libertadores do Quilombo de Rei Congo.
Apenas os guerreiros de Rei Congo sabiam o caminho correto para chegar ao "Monte dos Perdidos" que já estava sendo conhecido em toda a região como "Quilombo de Rei Congo". Como a quantidade desses guerreiros ainda era baixa, não davam conta de libertarem tantos escravos como era da vontade de Rei Congo, pois as viagens de ida e volta as fazendas eram longas, cansativas e perigosas, ele decidiu então montar pequenos quilombos que servissem de esconderijo para os quilombolas próximo ao quilombo principal, tentando assim conseguir um pouco mais de tempo para aumentar as ações contra a escravidão nas fazendas. Isso infelizmente durou pouco, pois mesmo em matas fechadas esses pequenos quilombos foram descobertos pelos Feitores e seus capatazes, ou pelos Capitães do mato contratados pelos coronéis fazendeiros que estavam a busca de seus escravos.
Rei Congo então decidiu que mesmo com a demora das viagens e a dificuldade da subida ao "Monte dos Perdidos", seria melhor que os negros libertados fossem levados diretamente para um lugar seguro ao invés de acamparem nos pequenos quilombos a espera de alcançarem um número maior de quilombolas.
E assim foi feito por longos anos, Rei Congo e seus guerreiros libertavam os seus irmãos escravizados, os levavam para o Quilombo, e lá eles plantavam, criavam animais, constituíram laços, cultuavam seus Orixás, viviam em paz e em liberdade.
Muitos coronéis por anos tentaram alcançar o tão conhecido e guardado Quilombo de Rei Congo, muitos feitores, capatazes e Capitães do mato perderam suas vidas tentando decifrar o caminho correto que levava ao cume da montanha, mas nenhum desses tiveram êxito em seus
objetivos, pois ali além de ter grandes guerreiros que protegiam a entrada e o caminho do quilombo, tinha um Rei, um Rei protegido pelos Orixás, principalmente por pai Oxalá no qual o velho Rei Congo agradeceu por toda sua vida a luz dada para que ele encontrasse o caminho para sua libertação e a de centenas de irmãos negros.
No final do século XVII, Rei Congo fez sua passagem para o mundo dos espíritos já com 90 anos de idade no corpo físico, e sendo agraciado por pai Oxalá a benção de poder vir a terra como Entidade de Luz para continuar libertando as pessoas da escravidão, porém com um trabalho ainda mais árduo, pois essa escravidão não são nas correntes de aço frio, mas da escravidão da inveja que consome a alma, da falta de humildade que magoa o espírito, do orgulho que destrói o perdão, da soberba que esmaga o ser, da falta de amor que escurece o caminho e principalmente da falta de fé que lhe desvia da evolução espiritual.
Rei Congo preto velho calmo e sereno, humilde mas soberano, tem sempre a palavra certa na hora certa, tem ensinamentos certos pros momentos certos. Com sua voz mansa e seu jeito peculiar de se sentar, ele é reconhecido por toda a Umbanda, e todos que já tiveram a oportunidade de poder ouvir seus conselhos em seu tom de voz sereno, pode se considerar um abençoado por pai Oxalá..
Saravá Vovô Rei Congo, Adorei as Almas.
Ele foi escravo entre o século XVI e o século XVII, e desde sua juventude era um guerreiro, que lutava em prol de seus irmãos africanos que tanto sofriam nas mão de seus Coronéis e Feitores.
A história diz que Rei Congo, que tinha seu nome de batismo como Octácilio, era um grande rezador e curador de doenças, ficando sendo conhecido entre negros e brancos pelo seus tratamentos das moléstias como a tuberculose, que na época exterminava muitas pessoas sem escolher cor nem raça.
O negro Octácilio, certa vez após uma das filhas de um Coronel fazendeiro, chamado de "Senhor do café", ficar muito fraca com a famigerada doença assassina, a tuberculose, ficou muito conhecido em toda região pelo tratamento dado a pequena sinhá, através de seus conhecimentos de ervas utilizadas em chás e compressas, sanando assim todo mal estar sofrido por ela e curando-a de vez da tão maléfica doença. Após esse fato Octácilio começou a frequentar outras fazendas da região para, com sua sabedoria ajudar outras pessoas que sofriam além da famigerada tuberculose outros males que afligiam a tão covarde e intolerante classe branca e rica da época.
Com essas viagens de fazenda em fazenda, Octácilio começou a perceber que seus irmãos negros sofriam grandes humilhações e maus tratos dos então feitores que ordenados pelos coronéis, mandavam castigar na chibata e no tronco todos os negros sem que houvesse motivo para tal covardia.
E foi assim que o jovem Octácilio tomou para si a vontade de lutar contra essas atrocidades, e dia após dia ele tomado por seu desejo de liberdade e também pela grande vontade de livrar seus irmãos das garras covarde de feitores e coronéis, ele decidiu então tentar a fuga, com o objetivo de mais tarde tentar ajudar os outros escravos a fazerem o mesmo.
Enfim chega a noite da fuga, Octácilio e mais alguns negros, após um dia cansativo na preparação da terra para um novo plantio de café, conseguem fugir do cativeiro após dominarem o feitor e seus jagunços quando já iam acorrentar as portas do senzala.
Vários negros fugiram, muitos deles foram recapturados e outros mortos, mas Octácilio conseguindo se embrenhar nas matas escuras conseguiu enfim a sua liberdade.
A partir desse dia, Octácilio com a ideia fixa em tentar libertar seus irmãos escravizados, rogou a Pai Oxalá e a todos os Orixás que lhe mostrassem o caminho para que ele conseguisse o tal feito.
Após vários dias e noites fugindo pelas matas sagradas de Pai Oxossi, ele se depara com uma montanha, que na época era conhecida como "Monte dos Perdidos", essa montanha tinha centenas de caminhos que interligados chegavam a lugar algum, e apenas um caminho levava ao cume da montanha.
Octácilio por algumas vezes já ouvira falar da lenda do "Monte Perdido", e sabia que o cume dessa montanha seria o lugar ideal para se abrigar e abrigar os negros que ele desejava libertar dos açoites e dos troncos destruidores.
Em suas orações ele pediu aos Orixás Sagrados que lhe abrissem o caminho, e que ele conseguisse chegar ao cume da montanha sem se perder pelo labirinto que o levaria a morte.
Foi ai que ele começou sua caminhada rumo a tão assustadora montanha, e sem se dar conta, subia a trilha de maneira tão segura e confiante que sem esperar em poucas horas já estava diante de um grande campo florido com um grandioso lago de águas límpidas. Ele admirado por tanta beleza daquela natureza que lhe foi entregue por Oxalá, ele se ajoelha e agradece pelo presente tão belo.
E foi nesse belo e protegido lugar que Octácilio começou a sua luta de livrar da escravidão seus irmãos negros, pois ali estava nascendo o Quilombo do Congo" e também o sonho de ali ser o caminho da paz buscada pelos quilombolas.
Entrando pelas fazendas cafeeiras durante as madrugadas, Octácilio começou a resgatar os negros escravos, levando-os para o Quilombo do Congo, e ali esses negros começaram a plantar, a construir seus lares e constituir família.
Octtácilio escolhia os negros mais novos, fortes e ágeis, fazendo deles um grupo de guerreiros da mesma causa, ou seja libertar mais e mais escravos, e no primeiro grupo já preparado para ação, o negro Octácilio recebeu o nome de Rei do Quilombo do Congo, e todos a partir desse dia passaram a lhe chamar de "Rei Congo", como é conhecido até hoje nas casas de Umbanda.
Certa vez, em mais uma das centenas de vezes que Rei Congo tentava buscar a liberdade para os negros escravizados, um certo coronel muito temido dentro da região fez com que seus feitores e centenas de jagunços ficassem de tocaia por vários dias e noites com intuito de capturar o libertador de escravos. E numa noite nebulosa no qual Rei Congo e seus guerreiros estavam prontos para mais uma ação, o velho negro Malaquias, que tinha o dom da vidência, disse ao seu Rei negro que aquela noite ele não deveria levar seus guerreiros, pois muitas mortes poderiam ocorrer, ele deveria ir só, pois apesar de ser muito perigoso seria dessa oportunidade que ele traria um grande aliado nas causas que lutavam.
Rei Congo com toda sua humildade concordou com o velho Malaquias, e saiu só para essa missão, ao chegar a fazenda em questão, Rei Congo tenta chegar a senzala onde dormiam os negros escravizados. Porém a um certo momento Rei Congo se depara com um dos feitores da fazenda com dezenas de jagunços armados. O feitor o acorrenta em um tronco próximo a senzala, a espera do dia raiar e acatar as ordens do tão famigerado coronel.
Rei Congo com olhar firme porém sereno, tenta buscar forças nas palavras do velho Malaquias, tentava entender todo o fato, toda a causa do acontecimento. Sabia ele que tudo que acontecera teria uma razão, porém até então não conseguia chegar numa resposta em que aquilo tudo poderia ajudá-lo na luta contra a escravidão.
O sol raiou, e o feitor que ora tinha acorrentado Rei Congo, tinha um semblante cansado, parecia amargurado. Ele manda um dos seus jagunços levarem a notícia da captura do libertador de escravos ao coronel, que logo vem com as ordens de açoitarem o negro libertador até a morte, e que levassem o corpo dele a té ele, para junto a outros coronéis fazendeiros comemorassem a morte do tão temido Rei Congo.
E foi dada a missão ao feitor de levar a morte a Rei Congo por meio da chibata. E ele, o feitor, já preparado para o começo da tortura daquele corpo preso ao tronco de madeira por meio de correntes de aço, quando olha nos olhos de Rei Congo e diz se ele era o tal negro curador de doenças tão conhecido dentro da região por ter curado muitas pessoas da tão medonha doença, que na época era a tuberculose. Rei Congo, ainda com olhar sereno apenas balançou a cabeça afirmativamente. Então o feitor o livra das correntes e se jogando aos pés de Rei Congo pede a ele para salvar a sua amada que se encontrava tísica, ela estava extremamente enfraquecida e sem nenhuma chance de sobreviver. Rei Congo estendendo a mão ao feitor, lhe pergunta se ele tinha fé, ele responde que sim, então Rei Congo diz que ele ia libertar sim a doce jovem dos males da tuberculose.
O feitor, sabendo que teria que entregar o corpo de Rei Congo para os coronéis, resolveu então libertá-lo e seguir com ele e sua amada para o Quilombo do Congo. E assim foi feito, nesse mesmo dia saíram fugidos da fazenda rumo ao Monte dos Perdidos, e mesmo durante a viagem Rei Congo fazia seus chás e compressas para o tratamento da jovem Rosa, que dia após dia ia recuperando sua saúde. E ao chegarem a seu destino, com cuidados mais especiais, com o tratamento vindo das ervas e compressas sagradas do velho Congo, Rosa se recuperou totalmente, e em agradecimento o feitor, que tinha o nome de Amadeu, jurou lealdade a Rei Congo, que se transformou em um dos grandes guerreiros libertadores do Quilombo de Rei Congo.
Apenas os guerreiros de Rei Congo sabiam o caminho correto para chegar ao "Monte dos Perdidos" que já estava sendo conhecido em toda a região como "Quilombo de Rei Congo". Como a quantidade desses guerreiros ainda era baixa, não davam conta de libertarem tantos escravos como era da vontade de Rei Congo, pois as viagens de ida e volta as fazendas eram longas, cansativas e perigosas, ele decidiu então montar pequenos quilombos que servissem de esconderijo para os quilombolas próximo ao quilombo principal, tentando assim conseguir um pouco mais de tempo para aumentar as ações contra a escravidão nas fazendas. Isso infelizmente durou pouco, pois mesmo em matas fechadas esses pequenos quilombos foram descobertos pelos Feitores e seus capatazes, ou pelos Capitães do mato contratados pelos coronéis fazendeiros que estavam a busca de seus escravos.
Rei Congo então decidiu que mesmo com a demora das viagens e a dificuldade da subida ao "Monte dos Perdidos", seria melhor que os negros libertados fossem levados diretamente para um lugar seguro ao invés de acamparem nos pequenos quilombos a espera de alcançarem um número maior de quilombolas.
E assim foi feito por longos anos, Rei Congo e seus guerreiros libertavam os seus irmãos escravizados, os levavam para o Quilombo, e lá eles plantavam, criavam animais, constituíram laços, cultuavam seus Orixás, viviam em paz e em liberdade.
Muitos coronéis por anos tentaram alcançar o tão conhecido e guardado Quilombo de Rei Congo, muitos feitores, capatazes e Capitães do mato perderam suas vidas tentando decifrar o caminho correto que levava ao cume da montanha, mas nenhum desses tiveram êxito em seus
objetivos, pois ali além de ter grandes guerreiros que protegiam a entrada e o caminho do quilombo, tinha um Rei, um Rei protegido pelos Orixás, principalmente por pai Oxalá no qual o velho Rei Congo agradeceu por toda sua vida a luz dada para que ele encontrasse o caminho para sua libertação e a de centenas de irmãos negros.
No final do século XVII, Rei Congo fez sua passagem para o mundo dos espíritos já com 90 anos de idade no corpo físico, e sendo agraciado por pai Oxalá a benção de poder vir a terra como Entidade de Luz para continuar libertando as pessoas da escravidão, porém com um trabalho ainda mais árduo, pois essa escravidão não são nas correntes de aço frio, mas da escravidão da inveja que consome a alma, da falta de humildade que magoa o espírito, do orgulho que destrói o perdão, da soberba que esmaga o ser, da falta de amor que escurece o caminho e principalmente da falta de fé que lhe desvia da evolução espiritual.
Rei Congo preto velho calmo e sereno, humilde mas soberano, tem sempre a palavra certa na hora certa, tem ensinamentos certos pros momentos certos. Com sua voz mansa e seu jeito peculiar de se sentar, ele é reconhecido por toda a Umbanda, e todos que já tiveram a oportunidade de poder ouvir seus conselhos em seu tom de voz sereno, pode se considerar um abençoado por pai Oxalá..
Saravá Vovô Rei Congo, Adorei as Almas.
Pai Jacó
Pai Jacó nasceu na Africa em Guiné no ano de 1764, aos 7 anos de idade veio ao Brasil como escravo, foi comprado por um fazendeiro, da região norte de Minas Gerais. O fazendeiro era um homem de coração duro, rústico, que nunca chorava nem por sua própria dor nem pela dos seus semelhantes.
Jacó era chamado assim desde de criança, não sabendo se realmente fora batizado com esse nome, depois de velho passaram a chamar-lhe de Pai Jacó.
Sempre fora um homem muito humilde, resignado e trabalhador, por esse motivo gozava da confiança de seu patrão, a quem sempre procurava servir com a melhor boa vontade e satisfação.
Para festejar na véspera de Natal era de costume de seu Senhor convidar para o banquete, todos os fazendeiros da região para passarem a noite em sua fazenda, onde fazia uma grande fogueira, com muita dança até o amanhecer.
No dia 22 o seu senhor já havia comprado, perus, patos, galinhas e leitões para a festa do dia 24 de dezembro, e colocou Pai Jacó para tomar conta dos animais para que eles não fugissem. Mas na manhã seguinte o fazendeiro percebeu que alguns animais fugiram por um buraco feito no cercado de taquara.
Indgnado com o que aconteceu e sem piedade, mandou prender Pai Jacó em um lugar sem luz e sem água, depois de recriminá-lo asperamente e ordenou ainda que nenhum alimento, nem água fosse lhe dado.
Na manhã do dia 24, apareceram no terreiro, não se sabe como, todas as aves e leitões que haviam sumido.
Na madrugada desse dia, Pai Jacó na sua prisão, ajoelhou-se e numa prece, feita entre lágrimas, pedia a Jesus que o seu amo não o culpasse pelo sumiço dos animais, pois não era sua culpa, e orando também por ele, para que recebesse do céu a luz que precisava; que a ele concedesse a resignação e humildade que necessitava, para suportar a sua ira e a fome, porque estava passando e não sabia quantos dias continuaria assim, sem uma gota de água na sua prisão.
Ao terminar a sua prece, viu clarear repentinamente a prisão, ao abrir-se o teto viu aparecer um anjo, que lhe parecia o menino Jesus, trazendo, sorridente em uma das mãos, um pão muito alvo, e na outra um copo com vinho, dizendo-lhe com voz angelical: Pai Jacó, trago-lhe, meu amigo, esse vinho e esse pão. Jacó estupefato, ajoelhou-se novamente, chorando de alegria e fitando aquele menino, que pairava no espaço, a pequena altura, envolto em muita luz.
O escravo comeu o pão e viu que saiam chispas de luz do mesmo, cada vez que levava aos lábios; depois bebeu o vinho e o menino Jesus sempre de fisionomia sorridente, abençoou com as suas mãozinhas rosadas e desapareceu, fechando novamente o teto e voltando a escuridão em que se achava.
Mas durou pouco tempo essa escuridão, pois notou que pelas frestas da tosca e pesada porta, partiam raios luminosos que ele admirava; sem saber explicar o que era, ajoelhou-se novamente e em uma outra prece cheia de gratidão, agradeceu a Deus a sua misericórdia.
Quando terminou de orar, ouviu rumores de fora e vozes que se aproximavam; abriu-se a porta e apareceu o seu senhor, seguido do feitor e de outros escravos, e lhe disse:
- Pode sair Jacó. E ordenou a um dos escravos que lhe fosse dado alimento.
- Não preciso comer, meu senhor, ninguém abriu até agora esta porta, respondeu-lhe ele.
- Como então não tem fome?
- Por que na madrugada do dia 24, creio que era madrugada, eu fiz uma oração a Deus, e abrindo esse teto apareceu o Menino Jesus, que veio cheio de luz com pão e um copo de vinho e deu-me. Comi o pão do qual saia uma espécie de fogo, e bebi o vinho que era saboroso.
Depois o menino Jesus subiu lentamente e desapareceu, fechando assim o teto da minha prisão. Por muitos dias meu senhor não precisarei me alimentar.
O meu senhor, continuou Jacó, que ouvia como que petrificado a minha narrativa singela e verdadeira, ficou olhando-me admirado e pelas suas faces corriam grossas lágrimas que ele vertia pela primeira vez na sua vida, pois nunca havia chorado. Chorava sim, pela primeira vez aquele coração endurecido, que não havia dor que o abatesse.
Dai por diante o meu senhor mudou completamente, tratava bem os escravos e, portanto, a mim também, inteiramente regenerado, dando-me a liberdade quando já doente e sem forças para trabalhar. Pouco tempo entretanto durou a minha liberdade terrena, porque parti em busca de uma liberdade muito mais ampla, onde me acho graças a caridade do Nosso Pai.
Oh! como sou feliz! Como bendigo os sofrimentos porque passei na Terra!
Quanto maiores são os sofrimentos que não buscamos pelas nossas maldades, maiores são também as dádivas do Céu!
Felizes dos que sofrem com resignação e humildade, porque sem essa resignação e humildade, teremos de recomeçar na presente ou em nova existência, as nossas tarefas de resgate.
Devendo o meu progresso espiritual a minha condição humilde de escravo, e não de branco e grande médico na Espanha, prefiro que me chamem de Pai Jacó e não Antonino Silas; e sinto-me bem quando posso falar na minha meia língua de africano, no meio de íntimos, na Terra.
Morreu com 83 anos próximo a Minas Gerais no ano de 1847.
Jacó era chamado assim desde de criança, não sabendo se realmente fora batizado com esse nome, depois de velho passaram a chamar-lhe de Pai Jacó.
Sempre fora um homem muito humilde, resignado e trabalhador, por esse motivo gozava da confiança de seu patrão, a quem sempre procurava servir com a melhor boa vontade e satisfação.
Para festejar na véspera de Natal era de costume de seu Senhor convidar para o banquete, todos os fazendeiros da região para passarem a noite em sua fazenda, onde fazia uma grande fogueira, com muita dança até o amanhecer.
No dia 22 o seu senhor já havia comprado, perus, patos, galinhas e leitões para a festa do dia 24 de dezembro, e colocou Pai Jacó para tomar conta dos animais para que eles não fugissem. Mas na manhã seguinte o fazendeiro percebeu que alguns animais fugiram por um buraco feito no cercado de taquara.
Indgnado com o que aconteceu e sem piedade, mandou prender Pai Jacó em um lugar sem luz e sem água, depois de recriminá-lo asperamente e ordenou ainda que nenhum alimento, nem água fosse lhe dado.
Na manhã do dia 24, apareceram no terreiro, não se sabe como, todas as aves e leitões que haviam sumido.
Na madrugada desse dia, Pai Jacó na sua prisão, ajoelhou-se e numa prece, feita entre lágrimas, pedia a Jesus que o seu amo não o culpasse pelo sumiço dos animais, pois não era sua culpa, e orando também por ele, para que recebesse do céu a luz que precisava; que a ele concedesse a resignação e humildade que necessitava, para suportar a sua ira e a fome, porque estava passando e não sabia quantos dias continuaria assim, sem uma gota de água na sua prisão.
Ao terminar a sua prece, viu clarear repentinamente a prisão, ao abrir-se o teto viu aparecer um anjo, que lhe parecia o menino Jesus, trazendo, sorridente em uma das mãos, um pão muito alvo, e na outra um copo com vinho, dizendo-lhe com voz angelical: Pai Jacó, trago-lhe, meu amigo, esse vinho e esse pão. Jacó estupefato, ajoelhou-se novamente, chorando de alegria e fitando aquele menino, que pairava no espaço, a pequena altura, envolto em muita luz.
O escravo comeu o pão e viu que saiam chispas de luz do mesmo, cada vez que levava aos lábios; depois bebeu o vinho e o menino Jesus sempre de fisionomia sorridente, abençoou com as suas mãozinhas rosadas e desapareceu, fechando novamente o teto e voltando a escuridão em que se achava.
Mas durou pouco tempo essa escuridão, pois notou que pelas frestas da tosca e pesada porta, partiam raios luminosos que ele admirava; sem saber explicar o que era, ajoelhou-se novamente e em uma outra prece cheia de gratidão, agradeceu a Deus a sua misericórdia.
Quando terminou de orar, ouviu rumores de fora e vozes que se aproximavam; abriu-se a porta e apareceu o seu senhor, seguido do feitor e de outros escravos, e lhe disse:
- Pode sair Jacó. E ordenou a um dos escravos que lhe fosse dado alimento.
- Não preciso comer, meu senhor, ninguém abriu até agora esta porta, respondeu-lhe ele.
- Como então não tem fome?
- Por que na madrugada do dia 24, creio que era madrugada, eu fiz uma oração a Deus, e abrindo esse teto apareceu o Menino Jesus, que veio cheio de luz com pão e um copo de vinho e deu-me. Comi o pão do qual saia uma espécie de fogo, e bebi o vinho que era saboroso.
Depois o menino Jesus subiu lentamente e desapareceu, fechando assim o teto da minha prisão. Por muitos dias meu senhor não precisarei me alimentar.
O meu senhor, continuou Jacó, que ouvia como que petrificado a minha narrativa singela e verdadeira, ficou olhando-me admirado e pelas suas faces corriam grossas lágrimas que ele vertia pela primeira vez na sua vida, pois nunca havia chorado. Chorava sim, pela primeira vez aquele coração endurecido, que não havia dor que o abatesse.
Dai por diante o meu senhor mudou completamente, tratava bem os escravos e, portanto, a mim também, inteiramente regenerado, dando-me a liberdade quando já doente e sem forças para trabalhar. Pouco tempo entretanto durou a minha liberdade terrena, porque parti em busca de uma liberdade muito mais ampla, onde me acho graças a caridade do Nosso Pai.
Oh! como sou feliz! Como bendigo os sofrimentos porque passei na Terra!
Quanto maiores são os sofrimentos que não buscamos pelas nossas maldades, maiores são também as dádivas do Céu!
Felizes dos que sofrem com resignação e humildade, porque sem essa resignação e humildade, teremos de recomeçar na presente ou em nova existência, as nossas tarefas de resgate.
Devendo o meu progresso espiritual a minha condição humilde de escravo, e não de branco e grande médico na Espanha, prefiro que me chamem de Pai Jacó e não Antonino Silas; e sinto-me bem quando posso falar na minha meia língua de africano, no meio de íntimos, na Terra.
Morreu com 83 anos próximo a Minas Gerais no ano de 1847.
Pai Jacinto
Com a implantação de fazendas de gado e cultura em solo Brasileiro muitas vezes ou quase sempre sacerdotes do culto Africano chegavam trazidos como escravos pelos navios de contrabandistas que ganhavam a vida destruindo a de outros , entre estes vindos de tão longe e com a missão dada por Oxalá de divulgar sua Religião engrandecendo outras terras com sua sabedoria e bondade.
Entre estes chegava então um jovem que estava predestinado a ensinar amor e sabedoria , ainda menino foi introduzido no trabalho árduo e sem trégua , por sua bondade e sabedoria logo cativou a todos até mesmo seus senhores que percebendo sua condição de tratar com animais feridos ou doentes, solicitavam sempre seus serviços, logo estando este que seria um sacerdote em sua terra , curando e tratando pessoas a pedido de seus senhores ,era ele então tratado diferente em meio a tanta crueldade.Todos eram socorridos por Pai Preto como era chamado pelos brancos.
A fama de pai Preto correu longe em solo brasileiro tanto que chegou sem tardar ao conhecimento dos missionários vindos para catequizar os povos da nova terra , Pai Preto tinha então 85 anos já velho e quase não mais conseguia andar o que não impedia de continuar com suas curas e benzeduras. Mas chegou a ordem e a orientação: Pai Preto era "feiticeiro e deveria morrer como todos de sua época."
Os seus antigos senhores não tiveram coragem de cumprir a missão e então combinaram de esconder Pai Preto e este ficaria assim até a morte cuidando e claro dos interesses de seus senhores. Mas Pai Preto que nunca soube dizer não ou se intimidar por qualquer perigo não se deteve e continuou com suas mirongas , suas rezas e sua caridade sem fim. Logo a noticia correu , seria um fantasma ou quem sabe ele teria ressuscitado para desafiar quem mandava? Nova ordem chegou: então o "feiticeiro deveria ser desenterrado e sua cabeça arrancada do corpo e enterrada em outro local somente assim o "mal"deixaria de existir.
Aqueles que tentaram esconder Pai Preto agora com medo decidiram matá-lo e cumprir o que lhes foi ordenado, tendo assim aos 86 anos Pai Preto deixado o plano físico para trabalhar com suas mirongas em planos mais elevados.
Hoje nós que aprendemos a amar a Umbanda com toda sua sabedoria aprendemos sempre um pouco com aqueles que deixaram esta grande lição de vida e humildade. Pai Preto é hoje para nós Pai Jacinto que ao lado de Omulu traz a cura para os sofredores dos dois planos. Pai Jacinto recebeu de Oxossi o direito de trabalhar em sua vibração o que para nós só é motivo de mais felicidade pois como raizeiro e conhecedor das matas levou para o plano espiritual este conhecimento para a bênção dos filhos da terra.
Salve Pai Jacinto Salve todos os Pretos Velhos.
Dona Maria Redonda
Nossa querida preta velha nos contou que, ao contrário do que todos acham, ela não era gorda, e sim alta e magra. Seu apelido vem de outra característica, ou melhor, de uma história.
Dona Maria Redonda era a parteira do grupo no qual vivia, e também a pessoa encarregada de cuidar dos filhos dos escravos enquanto eles estavam na lida. Passou sua vida criando estas crianças, e por ter esta responsabilidade foi poupada dos trabalhos escravos impostos aos negros na época.
Por ter que cuidar de muitas crianças, costumava colocá-las em um círculo para conversar e brincar com elas.
Certa vez, na intenção de dar-lhes esperança diante do que elas e seus pais estavam vivendo, Dona Maria Redonda disse às crianças:
Filhos, peguem nos seus calcanhares, vejam como eles são redondos! Peguem em suas cabeças, elas também são redondas! Nossas barrigas, e até nossas bundas são redondas!!" - e as crianças deram risada.
Olhem para o céu, o sol e a lua são redondos! Até mesmo os portugueses estão dizendo que esta Terra onde vivemos é redonda. Veja o que comemos, quase tudo é redondo. Agora, vejam, as argolas que escravizam a nós e aos pais de vocês também são redondas, mas estas com certeza vão se desmanchar, pois são as únicas que não foram criadas por nosso pai Oxalá!.
Com estas palavras, Dona Maria Redonda afagava os corações das crianças.Agora sabemos de onde vem tanta doçura, e porque é tão bom deitar em seu colo e receber seu agrado!
Perguntamos a ela se havia se casado, se tinha tido uma família.
Disse que as crianças eram sua família, assim como todos com quem vivia eram como seus irmãos. Os negros escravos tinham um sentido de irmandade muito diferente do que temos hoje. Tinham uma sentimento de fraternidade, eram todos irmãos, unidos por sua condição, independente de serem parentes de sangue ou não.
Dona Maria Redonda nos contou também que ela estava encarnada quando a Abolição da Escravatura finalmente aconteceu. Sobre isso comentou:
Filha, tive a sorte de viver para ver este dia. Mas, na verdade, a gente nem sabia o que fazer com a liberdade...
Salve nossa doce e querida Maria Redonda !!
Adriana e Robert, cambones da Mãe Lucilia Guimarães - Terreiro do Pai Maneco, Curitiba, na festa dos Pretos Velhos
Vovó Catarina
Vovó Catarina
Os tambores tocavam o ritmo cadenciado dos Orixás, e nós dançávamos.
Dançávamos todos em volta da fogueira improvisada ou à luz de tochas ou
velas de cera que fazíamos. A comida era pouca, mas para passar a fome nós
dançávamos a dança dos Orixás. E assim, ao som dos tambores de nosso povo,
nos divertíamos, para não morrer de tristeza e sofrimento. Eu era chamada de
feiticeira. Mas eu não era feiticeira, era curandeira. Entendia de ervas,
com as quais fazia remédios para o meu povo, e de parto; eu era a parteira
do povo de Angola, que estava errando naquela terra de meu Deus. Até que
Sinhazinha me tirou do meu povo. Ela não queria que eu usasse meus
conhecimentos para curar os negros, somente os brancos; afinal, negro -
dizia ela - tinha que trabalhar e trabalhar até morrer. Depois, era só
substituir por outro. Mas Dona Moça não pensava assim. Ela gostava de mim, e
eu, dela. Fui jogada num canto, separada dos outros escravos, e todas as
noites eu chorava ao saber que meu povo sofria e eu não podia fazer nada
para ajudar. De dia eu descascava coco e moía café no pilão. À noite eu
cantava sozinha, solitária. E ouvia o cantar triste de meu povo, de longe.
Ouvia o lamento dos negros de Angola pedindo a Oxalá a liberdade, que só
depois nós entendemos o que era. E os tambores tocavam o seu lamento triste,
o seu toque cadenciado, enquanto eu respondia de meu cativeiro com as rezas
dos meus Orixás. A liberdade, que era cantada por todos do cativeiro, só
mais tarde é que nós a compreendemos. A liberdade era de dentro, e não de fora.
Aqueles eram dias difíceis, e nós aprendemos com os cânticos de Oxóssi e as
armas de Ogum o que era se humilhar, sofrer e servir, até que nosso espírito
estivesse acostumado tanto ao sofrimento e a servir sem discutir, sem nada
obter em troca, que, a um simples sinal de dor ou qualquer necessidade, nós
estávamos ali, prontos para servir, preparados para trabalhar. E nosso Pai
Oxalá nos ensinou, em meio aos toques dos tambores na senzala ou aos
chicotes do capitão, que é mais proveitoso servir e sofrer do que ser
servido e provocar a infelicidade dos outros.
Um dia, vítima do desespero de Sinhá, eu fui levada à noite para o tronco,
enquanto meus irmãos na senzala cantavam. A cada toque mais forte dos
tambores, eu recebia uma chibatada, até que, desfalecendo, fui conduzida nos
braços de Oxalá para o reino de Aruanda. Meu corpo, na verdade, estava
morto, mas eu estava livre, no meio das estrelas de Aruanda. Em meu espírito
não restou nenhum rancor, mas apenas um profundo agradecimento aos meus
antigos senhores, por me ensinar, com o suor e o sofrimento, que mais
compensa ser bom do que mau; sofrer cumprindo nosso dever do que sorrir na
ilusão; trabalhar pelo bem de todos do que servir de tropeço. Eu era agora
liberta, e nenhum chicote, nenhuma senzala poderia me prender, porque agora
eu poderia ouvir por todo lado o barulho dos tambores de Angola, mas também
do Kêtu, de Luanda, de Jêje e de todo lugar. Em meio às estrelas de Aruanda
eu rezava. Rezava agradecida ao meu Pai Oxalá.
Fui pra Aruanda, lugar de muita paz! Mas eu retomei. Pedi a meu Pai Oxalá
que desse oportunidade pra eu voltar ao Brasil pra poder ajudar a Sinhá,
pois ela me ensinou muita coisa com o jeito dela nos tratar. E eu voltei.
Agora as coisas pareciam mudadas. Eu não era aquela nega feia e escrava. Era
filha de gente grande e bonita, sabia ler e ensinava crianças dos outros. Um
dia bateu na minha porta um homem com uma menina enjeitada da mãe. Era muito
esquisita, doente e trazia nela o mal da lepra. Tadinha! Não tinha pra onde
ir, e o pai desesperado não sabia o que fazer. Adotei a pobre coitada, fui
tratando aos poucos e, quando me casei, levei a menina comigo. Cresceu, deu
problema, mas eu a amava muito. Até que um dia ela veio a desencarnar em
meus braços, de um jeito que fazia dó. Quando eu retomei pra Aruanda, o que
vocês chamam de plano espiritual, ela veio me receber com os braços abertos
e chorando muito, muito mesmo. Perguntei por que chorava, se nós duas agora
estávamos livres do sofrimento da carne, então, ela, transformando-se em
minha frente, assumiu a feição de Sinhazinha! Ela era a minha Sinhá do tempo
do cativeiro. E nós duas nos abraçamos e choramos juntas. Hoje, trabalhamos
nas falanges da Umbanda, com a esperança de passar a nossa experiência pra
muitos que ainda se encontram perdidos em suas dificuldades.
A Escrava Anastácia (a sua história):
Escrava Anastácia (Pompéu, 12 de Maio de 1740 — data e local de morte incertos) é uma personalidade religiosa de devoção popular brasileira, adorada informalmente pela realização desupostos milagres. A própria existência da Escrava Anastácia é colocada em dúvida pelos estudiosos do assunto, já que não existem provas materiais da mesma.
O seu culto foi iniciado em 1968 (Ano Internacional dos Direitos Humanos decretado pelas Nações Unidas), quando numa exposição da Igreja do Rosário do Rio de Janeiro em homenagem aos 90 anos da Abolição, foi exposto um desenho de Étienne Victor Arago representando uma escrava do século XVIII que usava máscara de ferro (método empregado nas minas de ouro para impedir que os escravos engolissem o metal).
No imaginário popular, a Escrava Anastácia foi sentenciada a usar a máscara por um senhor de escravos despeitado com a recusa de Anastácia em manter relações sexuais com ele.
A máscara seria retirada apenas para que ela fizesse as refeições, e a escrava terminou por morrer de maus-tratos, em data ignorada.
A Escrava Anastácia (a sua história):
Nos meios que militam as lideranças negras, femininas ou masculinas, fala-se muito sobre quem foi e como teria sido a vida e a história da Escrava Anastácia, que muitas comunidades religiosas afro-brasileiras, particularmente, as ligadas à religião católica apostólica romana, gostariam de propor à sua Santidade, o Papa, para que fosse beatificada ou santificada, dentro dos preceitos e dos ritos canônicos que regem este histórico e delicadíssimo processo.
Pelo pouco que se sabe desta grande mártir negra, que foi uma das inúmeras vítimas do regime de escravidão, no Brasil, em virtude da escassez de dados disponíveis a seu respeito, pode-se dizer, porém, que o seu calvário teve início em 9 de Abril de 1740, por ocasião da chegada na Cidade do Rio de Janeiro de um navio negreiro de nome “Madalena”, que vinha da África com carregamento de 112 negros Bantus, originários do Congo, para serem vendidos como escravos nesse País.
Entre esta centena de negros capturados em sua terra natal, vinha, também, toda uma família real, de “Galanga”, que era liderada por um negro, que mais tarde se tornaria famoso, conhecido pelo nome de “Chico-Rei”, em razão da sua ousada actuação no circuito aurífero da região que tinha por centro a Cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. Delmira, Mãe de Anastácia, era uma jovem formosa e muito atraente pelos seus encantos pessoais, e, por ser muito jovem, ainda no cais do porto, foi arrematada por um mil réis. Indefesa, esta donzela acabou sendo violada, ficando grávida de um homem branco, motivo pelo qual Anastácia, a sua filha, possuía “olhos azuis”, cujo nascimento se verificou em “Pompeu”, em 12 de Maio, no centro-oeste mineiro.
Antes do nascimento de “Anastácia”, a sua Mãe “Delmira” teria vivido, algum tempo, no Estado da Bahia, onde ajudou muitos escravos, fugitivos da brutalidade, a irem em busca da liberdade. A história nefanda se repete: Anastácia, por ser muito bonita, terminou sendo, também, sacrificada pela paixão bestial de um dos filhos de um feitor, não sem antes haver resistido bravamente o quanto pôde a tais assédios; depois de ferozmente perseguida e torturada, a violência sexual aconteceu.
Apesar de toda circunstância adversa, Anastácia não deixou de sustentar a sua costumeira altivez e dignidade, sem jamais permitir que lhe tocassem, o que provocou o ódio dos brancos dominadores, que resolvem castigá-la ainda mais colocando-lhe no rosto uma máscara de ferro, que só era retirada na hora de se alimentar, suportando este instrumento de supremo suplício por longos anos de sua dolorosa, mas heróica existência.
As mulheres e as filhas dos senhores de escravos eram as que mais incentivavam a manutenção de tal máscara, porque morriam de inveja e de ciúmes da beleza da “Negra Anastácia”. (Onde o seu espírito, combate a inveja, ciúmes e a injustiça).
Anastácia já muito doente e debilitada, é levada para o Rio de Janeiro onde vem a falecer, sendo que os seus restos mortais foram sepultados na Igreja do Rosário que, destruída por um incêndio, não teve como evitar a destruição também dos poucos documentos que poderiam nos oferecer melhores e maiores informações referente à “Escrava Anastácia” – “A Santa” (assim, é venerada dentro da Religião Afro-Brasileira), além da imagem que a história ou a lenda deixou em volta do seu nome e na sua postura de mártir e heroína, ao mesmo tempo.
Descrita como uma das mais importantes figuras femininas da história negra, Escrava Anastácia é venerada como santa e heroína em várias regiões do Brasil. De acordo com a crença popular, a Escrava Anastácia continua operando milagres.
História de uma princesa Bantu (a sua história)
Versão extraída do livro "Anastácia - escrava e mártir negra", de António Alves Teixeira (neto) da editora Eco.
Descoberto que foi o Brasil, em 1500 vieram logo os primeiros colonizadores e os primeiros governantes, necessário se fazia, desde então o desenvolvimento da terra, especialmente a lavoura. Daí o terem vindo os célebres Navios Negreiros aprisionando os pobres negros africanos, para aqui serem entregues como escravos e vendidos.
Eram os infelizes negros oriundos da Guine, Congo e Angola. Entre eles veio Anastácia uma princesa Bantu, destacando-se pelo seu porte altivo, pela perfeição dos traços fisionómicos e a sua juventude.
Era bonita de dentes brancos e lábios sensuais, olhos azuis onde se notava sempre uma lágrima a rolar silenciosa. Pelos seus dotes físicos, presume-se tenha sido aia de uma família nobre que ao regressar a Portugal, a teria vendido a um rico senhor de Engenho. Pelo seu novo dono, foi ela levada para uma fazenda perto da Corte, onde sua vida sofreu uma brutal transformação.
Cobiçada pelos homens, invejada pelas mulheres, foi amada e respeitada pelos seus irmãos na dor, escravos como ela própria bem como pelos velhos que nela sempre encontraram a conselheira amiga e alguém que tinha "poderes" de cura para os males da alma e corpo.
Estóica, serena, submissa aos algozes até morrer, sempre viveu ela. Chamavam-na Anastácia pois não tinha documentos de identificação, por ela deixados na pátria distante. Trabalhava durante o dia na lavoura, certo dia veio a vontade de provar um torrão de açúcar. Foi vista pelo malvado do feitor que, chamando-a de ladra, colocou-lhe uma mordaça na boca. Esse castigo era infame e chamara a atenção da Sinhá Moça, vaidosa e ciumenta que ao notar a beleza da escrava, teve receio que o seu esposo por ela se apaixonasse, mandou colocar uma gargantilha de ferro sem consultar o esposo.
Coisas do destino o filho do fazendeiro cai doente sem que ninguém consiga curar, em desespero recorrem a escrava Anastácia e pedem a sua cura, o qual se realiza para o espanto de todos. Não resistindo por muito tempo a tortura que lhe fora imposta tão selvaticamente, pouco depois a escrava falecia, com gangrena, muito embora trazida para o Rio de Janeiro para ser tratada.
O feitor e a Sinhá Moça se sentiram arrependidos por um sentimento tão forte, que lhe foi permitido o velório na capelinha da fazenda. Seu senhor, também levado pelo remorso, providenciou-lhe um enterro como escrava liberta depois de morta. Foi sepultada na Igreja construída pelos seus irmãos de dor e acompanhada por dezenas de escravos.
ORAÇÃO
Vemos que algum algoz fez da tua vida um martírio, violou tiranicamente a tua mocidade, vemos também no teu semblante macio, no teu rosto suave, tranquilo, a paz que os sofrimentos não conseguiram perturbar.
Querida Anastácia: eras pura, superior, tanto assim que Deus levou-te para as planuras do céu e deu-te o poder de fazeres curas, graças e milagres.
Amada Anastácia, pedimos que (fazer o pedido), roga por nós, proteja-nos, envolva-nos no teu manto de graça e com teu olhar bondoso, firme, penetrante, afasta de nós os males do mundo.
Tudo que pedimos por Nosso Senhor Jesus Cristo na unidade do Espírito Santo.
Amém.
O seu culto foi iniciado em 1968 (Ano Internacional dos Direitos Humanos decretado pelas Nações Unidas), quando numa exposição da Igreja do Rosário do Rio de Janeiro em homenagem aos 90 anos da Abolição, foi exposto um desenho de Étienne Victor Arago representando uma escrava do século XVIII que usava máscara de ferro (método empregado nas minas de ouro para impedir que os escravos engolissem o metal).
No imaginário popular, a Escrava Anastácia foi sentenciada a usar a máscara por um senhor de escravos despeitado com a recusa de Anastácia em manter relações sexuais com ele.
A máscara seria retirada apenas para que ela fizesse as refeições, e a escrava terminou por morrer de maus-tratos, em data ignorada.
A Escrava Anastácia (a sua história):
Nos meios que militam as lideranças negras, femininas ou masculinas, fala-se muito sobre quem foi e como teria sido a vida e a história da Escrava Anastácia, que muitas comunidades religiosas afro-brasileiras, particularmente, as ligadas à religião católica apostólica romana, gostariam de propor à sua Santidade, o Papa, para que fosse beatificada ou santificada, dentro dos preceitos e dos ritos canônicos que regem este histórico e delicadíssimo processo.
Pelo pouco que se sabe desta grande mártir negra, que foi uma das inúmeras vítimas do regime de escravidão, no Brasil, em virtude da escassez de dados disponíveis a seu respeito, pode-se dizer, porém, que o seu calvário teve início em 9 de Abril de 1740, por ocasião da chegada na Cidade do Rio de Janeiro de um navio negreiro de nome “Madalena”, que vinha da África com carregamento de 112 negros Bantus, originários do Congo, para serem vendidos como escravos nesse País.
Entre esta centena de negros capturados em sua terra natal, vinha, também, toda uma família real, de “Galanga”, que era liderada por um negro, que mais tarde se tornaria famoso, conhecido pelo nome de “Chico-Rei”, em razão da sua ousada actuação no circuito aurífero da região que tinha por centro a Cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. Delmira, Mãe de Anastácia, era uma jovem formosa e muito atraente pelos seus encantos pessoais, e, por ser muito jovem, ainda no cais do porto, foi arrematada por um mil réis. Indefesa, esta donzela acabou sendo violada, ficando grávida de um homem branco, motivo pelo qual Anastácia, a sua filha, possuía “olhos azuis”, cujo nascimento se verificou em “Pompeu”, em 12 de Maio, no centro-oeste mineiro.
Antes do nascimento de “Anastácia”, a sua Mãe “Delmira” teria vivido, algum tempo, no Estado da Bahia, onde ajudou muitos escravos, fugitivos da brutalidade, a irem em busca da liberdade. A história nefanda se repete: Anastácia, por ser muito bonita, terminou sendo, também, sacrificada pela paixão bestial de um dos filhos de um feitor, não sem antes haver resistido bravamente o quanto pôde a tais assédios; depois de ferozmente perseguida e torturada, a violência sexual aconteceu.
Apesar de toda circunstância adversa, Anastácia não deixou de sustentar a sua costumeira altivez e dignidade, sem jamais permitir que lhe tocassem, o que provocou o ódio dos brancos dominadores, que resolvem castigá-la ainda mais colocando-lhe no rosto uma máscara de ferro, que só era retirada na hora de se alimentar, suportando este instrumento de supremo suplício por longos anos de sua dolorosa, mas heróica existência.
As mulheres e as filhas dos senhores de escravos eram as que mais incentivavam a manutenção de tal máscara, porque morriam de inveja e de ciúmes da beleza da “Negra Anastácia”. (Onde o seu espírito, combate a inveja, ciúmes e a injustiça).
Anastácia já muito doente e debilitada, é levada para o Rio de Janeiro onde vem a falecer, sendo que os seus restos mortais foram sepultados na Igreja do Rosário que, destruída por um incêndio, não teve como evitar a destruição também dos poucos documentos que poderiam nos oferecer melhores e maiores informações referente à “Escrava Anastácia” – “A Santa” (assim, é venerada dentro da Religião Afro-Brasileira), além da imagem que a história ou a lenda deixou em volta do seu nome e na sua postura de mártir e heroína, ao mesmo tempo.
Descrita como uma das mais importantes figuras femininas da história negra, Escrava Anastácia é venerada como santa e heroína em várias regiões do Brasil. De acordo com a crença popular, a Escrava Anastácia continua operando milagres.
História de uma princesa Bantu (a sua história)
Versão extraída do livro "Anastácia - escrava e mártir negra", de António Alves Teixeira (neto) da editora Eco.
Descoberto que foi o Brasil, em 1500 vieram logo os primeiros colonizadores e os primeiros governantes, necessário se fazia, desde então o desenvolvimento da terra, especialmente a lavoura. Daí o terem vindo os célebres Navios Negreiros aprisionando os pobres negros africanos, para aqui serem entregues como escravos e vendidos.
Eram os infelizes negros oriundos da Guine, Congo e Angola. Entre eles veio Anastácia uma princesa Bantu, destacando-se pelo seu porte altivo, pela perfeição dos traços fisionómicos e a sua juventude.
Era bonita de dentes brancos e lábios sensuais, olhos azuis onde se notava sempre uma lágrima a rolar silenciosa. Pelos seus dotes físicos, presume-se tenha sido aia de uma família nobre que ao regressar a Portugal, a teria vendido a um rico senhor de Engenho. Pelo seu novo dono, foi ela levada para uma fazenda perto da Corte, onde sua vida sofreu uma brutal transformação.
Cobiçada pelos homens, invejada pelas mulheres, foi amada e respeitada pelos seus irmãos na dor, escravos como ela própria bem como pelos velhos que nela sempre encontraram a conselheira amiga e alguém que tinha "poderes" de cura para os males da alma e corpo.
Estóica, serena, submissa aos algozes até morrer, sempre viveu ela. Chamavam-na Anastácia pois não tinha documentos de identificação, por ela deixados na pátria distante. Trabalhava durante o dia na lavoura, certo dia veio a vontade de provar um torrão de açúcar. Foi vista pelo malvado do feitor que, chamando-a de ladra, colocou-lhe uma mordaça na boca. Esse castigo era infame e chamara a atenção da Sinhá Moça, vaidosa e ciumenta que ao notar a beleza da escrava, teve receio que o seu esposo por ela se apaixonasse, mandou colocar uma gargantilha de ferro sem consultar o esposo.
Coisas do destino o filho do fazendeiro cai doente sem que ninguém consiga curar, em desespero recorrem a escrava Anastácia e pedem a sua cura, o qual se realiza para o espanto de todos. Não resistindo por muito tempo a tortura que lhe fora imposta tão selvaticamente, pouco depois a escrava falecia, com gangrena, muito embora trazida para o Rio de Janeiro para ser tratada.
O feitor e a Sinhá Moça se sentiram arrependidos por um sentimento tão forte, que lhe foi permitido o velório na capelinha da fazenda. Seu senhor, também levado pelo remorso, providenciou-lhe um enterro como escrava liberta depois de morta. Foi sepultada na Igreja construída pelos seus irmãos de dor e acompanhada por dezenas de escravos.
ORAÇÃO
Vemos que algum algoz fez da tua vida um martírio, violou tiranicamente a tua mocidade, vemos também no teu semblante macio, no teu rosto suave, tranquilo, a paz que os sofrimentos não conseguiram perturbar.
Querida Anastácia: eras pura, superior, tanto assim que Deus levou-te para as planuras do céu e deu-te o poder de fazeres curas, graças e milagres.
Amada Anastácia, pedimos que (fazer o pedido), roga por nós, proteja-nos, envolva-nos no teu manto de graça e com teu olhar bondoso, firme, penetrante, afasta de nós os males do mundo.
Tudo que pedimos por Nosso Senhor Jesus Cristo na unidade do Espírito Santo.
Amém.
Pai Antonio
Pai Antonio foi um escravo em uma de suas encarnações, sendo também ele a primeira entidade a pedir uma guia (colar) de trabalho, até hoje usadas pelos membros da Tenda e carinhosamente chamado de "Guia de Pai Antonio".
Foi também o espírito responsável pela inserção na Umbanda dos pontos cantados, enquanto esteve presente incorporando na Tenda foi o responsável por grande número dos pontos criados. O primeiro ponto de Umbanda, nasceu logo na primeira sessão quando Pai Antonio pediu o seu cachimbo. Contando a história de sua passagem pela terra, ele explicou que por ser um senhor de idade, não ia mais para o corte da lenha, mas quando foi buscar um feixe de lenha para a sua necessidade, se sentiu cansado, encostou no tronco de uma árvore e nunca mais acordou. Quando perguntando se sentia falta de alguma coisa, lembrou que o único bem pessoal que não pertencia ao senhor era o seu pito, sendo este solicitado no ponto a seguir:
“Meu cachimbo está no toco,
Manda moleque buscar.
Meu cachimbo está no toco,
Manda moleque buscar.
No alto da derrubada,
Meu cachimbo ficou lá.
No alto da derrubada,
Meu cachimbo ficou lá.
Que arruda tão bonita,
Que vovó mandou arrancar.
Que arruda tão bonita,
Que vovó mandou arrancar
Mas não chore meu netinho
Que vovó manda plantar.
Mas não chore meu netinho
Que vovó manda plantar.”
Em outra encarnação, Pai Antonio teria sido um médico respeitado na região serrana do Rio de Janeiro, vem desta encarnação o seu conhecimento da medicina.
Uma ocasião, numa pequena reunião de cinco pessoas, um protetor caboclo descarregava os maus fluidos de uma senhora, enquanto também incorporado, um preto velho, Pai Antônio, fumava um cachimbo, observando a descarga.
- Cuidado, caboclo avisou o preto. O coração dessa filha não está batendo de acordo com o pulso.
- Como é que Pai Antônio viu isso? Deixe verificar, pediu um médico presente à sessão.
Depois da verificação, confirmou o aviso do preto, que o surpreendeu de novo, emitindo um termo técnico da medicina, e explicando que o fenômeno não provinha, como acreditava o clínico, de suas causa fisiológicas, porém de ação fluídica, tanto que terminada a descarga, se restabelecia a circulação normal no organismo da dama. E assim aconteceu.
O doutor, então, quis conversar sobre a sua ciência com o espírito humilde do preto, e, antes de meia hora, confessava, com um sorriso, e sem despeito, que o negro abordara assuntos que ele ainda não tivera oportunidade de versar, e estranhava:
- Pai Antonio não pode ser o espírito de um preto da África e não se compreende que baixe para fumar cachimbo e falar língua inferior ao cassanje¹.
Foram muitas as curas praticadas por Pai Antonio, outra pequena história, contada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas em uma de suas gravações fala sobre o Pai Antonio, nos mostrando o conhecimento que esse espírito possui da plantas presentes na natureza.
Certa vez em busca da cura de sua filha, o deputado federal José Meirelles em uma consulta Pai Antonio lhe responde:
- Vai a tua casa, no último canteiro vai mexer a terra e encontrará algumas raízes, vai cozinhar essas raízes e dar a sua filha que ela estará curada.
Era a batata da angélica, porque não havia naquela ocasião flores, as batatas estavam somente de baixo da terra.
A menina ficou curada, e, após certo tempo, o deputado fundou uma das sete primeiras tendas por ordem do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Em outro ponto, Pai Antonio mostra seu conhecimento da medicina.
“Da licença Pai Antonio,
Que eu não vim lhe visitar,
Eu estou muito doente,
Vim pra você me curar.
Se a doença for feitiço,
Bulalá em seu gongá,
Se a doença for de Deus,
Ah, Pai Antonio vai curar.
Coitado de Pai Antonio,
Preto Velho curando,
Foi parar na detenção ai,
Por não ter um defensor.
Pai Antonio é quimbanda, é curandô,
Pai Antonio é quimbanda, é curandô,
É pai de mesa é curandô,
É pai de mesa é curandô,
Pai Antonio é quimbanda, é curandô,
Pai Antonio é quimbanda, é curandô."
Foi a última das entidades a parar de trabalhar com Zélio Fernandino de Moraes, acompanhou seu médium até o final de sua vida.
Foi também o espírito responsável pela inserção na Umbanda dos pontos cantados, enquanto esteve presente incorporando na Tenda foi o responsável por grande número dos pontos criados. O primeiro ponto de Umbanda, nasceu logo na primeira sessão quando Pai Antonio pediu o seu cachimbo. Contando a história de sua passagem pela terra, ele explicou que por ser um senhor de idade, não ia mais para o corte da lenha, mas quando foi buscar um feixe de lenha para a sua necessidade, se sentiu cansado, encostou no tronco de uma árvore e nunca mais acordou. Quando perguntando se sentia falta de alguma coisa, lembrou que o único bem pessoal que não pertencia ao senhor era o seu pito, sendo este solicitado no ponto a seguir:
“Meu cachimbo está no toco,
Manda moleque buscar.
Meu cachimbo está no toco,
Manda moleque buscar.
No alto da derrubada,
Meu cachimbo ficou lá.
No alto da derrubada,
Meu cachimbo ficou lá.
Que arruda tão bonita,
Que vovó mandou arrancar.
Que arruda tão bonita,
Que vovó mandou arrancar
Mas não chore meu netinho
Que vovó manda plantar.
Mas não chore meu netinho
Que vovó manda plantar.”
Em outra encarnação, Pai Antonio teria sido um médico respeitado na região serrana do Rio de Janeiro, vem desta encarnação o seu conhecimento da medicina.
Uma ocasião, numa pequena reunião de cinco pessoas, um protetor caboclo descarregava os maus fluidos de uma senhora, enquanto também incorporado, um preto velho, Pai Antônio, fumava um cachimbo, observando a descarga.
- Cuidado, caboclo avisou o preto. O coração dessa filha não está batendo de acordo com o pulso.
- Como é que Pai Antônio viu isso? Deixe verificar, pediu um médico presente à sessão.
Depois da verificação, confirmou o aviso do preto, que o surpreendeu de novo, emitindo um termo técnico da medicina, e explicando que o fenômeno não provinha, como acreditava o clínico, de suas causa fisiológicas, porém de ação fluídica, tanto que terminada a descarga, se restabelecia a circulação normal no organismo da dama. E assim aconteceu.
O doutor, então, quis conversar sobre a sua ciência com o espírito humilde do preto, e, antes de meia hora, confessava, com um sorriso, e sem despeito, que o negro abordara assuntos que ele ainda não tivera oportunidade de versar, e estranhava:
- Pai Antonio não pode ser o espírito de um preto da África e não se compreende que baixe para fumar cachimbo e falar língua inferior ao cassanje¹.
Foram muitas as curas praticadas por Pai Antonio, outra pequena história, contada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas em uma de suas gravações fala sobre o Pai Antonio, nos mostrando o conhecimento que esse espírito possui da plantas presentes na natureza.
Certa vez em busca da cura de sua filha, o deputado federal José Meirelles em uma consulta Pai Antonio lhe responde:
- Vai a tua casa, no último canteiro vai mexer a terra e encontrará algumas raízes, vai cozinhar essas raízes e dar a sua filha que ela estará curada.
Era a batata da angélica, porque não havia naquela ocasião flores, as batatas estavam somente de baixo da terra.
A menina ficou curada, e, após certo tempo, o deputado fundou uma das sete primeiras tendas por ordem do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Em outro ponto, Pai Antonio mostra seu conhecimento da medicina.
“Da licença Pai Antonio,
Que eu não vim lhe visitar,
Eu estou muito doente,
Vim pra você me curar.
Se a doença for feitiço,
Bulalá em seu gongá,
Se a doença for de Deus,
Ah, Pai Antonio vai curar.
Coitado de Pai Antonio,
Preto Velho curando,
Foi parar na detenção ai,
Por não ter um defensor.
Pai Antonio é quimbanda, é curandô,
Pai Antonio é quimbanda, é curandô,
É pai de mesa é curandô,
É pai de mesa é curandô,
Pai Antonio é quimbanda, é curandô,
Pai Antonio é quimbanda, é curandô."
Foi a última das entidades a parar de trabalhar com Zélio Fernandino de Moraes, acompanhou seu médium até o final de sua vida.
Vovó Maria Conga
Vovó Maria Conga? De onde ela veio? Angola, Congo, Moçambique, Guiné, Luanda, não importa, pois a sua presença representa um lenitivo para as nossos sofrimentos e uma lição de vida daquela preta velha, que com o seu cachimbo branco, saia carijó, terço de lágrimas de nossa senhora, senta-se em um toco de madeira no terreiro e conta os fatos de sua vida em terra brasileira, começando dizendo que só o fato de podermos conviver com nossos filhos é uma grande dádiva.
Vinda da África distante, filha de Pai Rei Congo e Vovó Cambinda, chegou à Bahia pelos navios tumbeiros a escrava que foi dado o nome de Maria.
Como sua origem era da tribo do Rei do Congo, foi chamada de Maria Conga. Naquele tempo as negras eram coisas e destinadas a cuidar da lavoura, a procriar, a gerar filhos que delas eram afastados muito cedo, até mesmo antes de serem desmamados.
Outras negras alimentavam sua cria ou de outras escravas, assim como tantos outros candengues foram amamentados pela Vovó Maria Conga. Quase todas as mulheres escravas se transformavam em mães; cuidavam das crianças que chegavam à fazenda sem saber para onde foram enviados os seus pais, rezando para que seus próprios filhos também encontrassem alento aonde quer que estivessem.
Os orixás africanos, desempenhavam papel fundamental nesta época. Diferentes nações africanas que antes guerreavam, foram obrigadas a se unir na defesa da raça e todos os orixás passaram a trabalhar para todo o povo negro. As mães tomavam conhecimento do destino de seus filhos através das mensagens dos orixás. Eram eles que pediam oferendas em momentos difíceis e era a eles que todos recorriam para afastar a dor. Vovó Maria Conga para deixar de ser uma reprodutora passou a se utilizar de algumas ervas, e pelo fato de ser uma escrava forte, foi enviada para a plantação de cana, onde a colheita era sempre motivo para muito trabalho e uma espécie de algazarra contagiava o lugar, pois as mulheres cortavam a cana e as crianças, em total rebuliço, arrumavam os fardos para que os escravos os carregassem até o local indicado pelo feitor.
Foi numa dessas ocasiões que Maria Conga soube que um dos seus filhos, afastado dela ainda no período de amamentação, tinha se tornado um escravo forte e trabalhava numa fazenda próxima. Então o amor falou mais forte e seu coração transbordou de alegria e nada poderia dissuadi-la da ideia de revê-lo. Passou Maria Conga a escapar da fazenda, correndo de sol a sol, para admirar a beleza daquele forte negro. Nas primeiras vezes não teve meios de falar com ele, mas os orixás ouviram suas súplicas e não tardou para que os dois pudessem se abraçar e derramar as lágrimas por tanto tempo contidas.
Parecia a ela que eles nunca tinham se afastado, pois o amor os mantivera unidos por todo o tempo. Certa tarde, quase chegando na senzala, à negra foi descoberta. Apanhou bastante, foi acorrentada, mas sempre conseguia passar os seus pés pelos grilhões e não deixou de escapar novamente para reencontrar seu filho. Mais uma vez os brancos a pegaram na fuga, novamente a acorrentaram com os grilhões nos pés e como ela ainda insistisse uma terceira vez resolveram encerrar a questão: queimaram sua perna direita, um pouco acima da canela, para que ela não mais pudesse correr.
Impossibilitada de ver o filho, com menor capacidade de trabalho e locomoção, Maria Conga começou o seu lamento de dor e passou a cuidar das crianças negras e de seus doentes. De repente, Maria Conga foi encontrada calada, triste, com o coração cheio de tristeza ao saber que seu filho tinha sido morto quando tentava fugir para vê-la. Seu comportamento mudou e de alegre e tagarela passou a ser muito séria, mas sempre cuidava dos escravos doentes e de outros negros que vinham procurar o seu conselho e contava histórias de reis negros para as crianças, de outras terras além mar, onde não havia escravidão.
Um dia os escravos ao procurar pela Vovó Maria Conga dentro da senzala, estranharam o seu sono sereno e o seu semblante alegre ao dormir. Como o sol rompeu e a escrava não acordava os escravos a foram chamar, foi onde houve a surpresa, não encontraram o corpo, pois Maria Conga desencarnou e não mais estava neste plano terrestre, pois Orumilá a havia resgatado, para se tornar mais uma estrela da sua constelação. De nada adiantou os feitores açoitarem os escravos, pois os mesmos não sabiam como explicar o sumiço da escrava Maria Conga. Então os escravos passaram a adorar como uma santa e toda vez que necessitavam das suas curas , entoavam:
Brilhou uma estrela no céu
Oxalá mandou Maria Conga na terra
E lá no mar as ondas batiam, saravando a preta velha Maria Conga da Bahia.”
Vinda da África distante, filha de Pai Rei Congo e Vovó Cambinda, chegou à Bahia pelos navios tumbeiros a escrava que foi dado o nome de Maria.
Como sua origem era da tribo do Rei do Congo, foi chamada de Maria Conga. Naquele tempo as negras eram coisas e destinadas a cuidar da lavoura, a procriar, a gerar filhos que delas eram afastados muito cedo, até mesmo antes de serem desmamados.
Outras negras alimentavam sua cria ou de outras escravas, assim como tantos outros candengues foram amamentados pela Vovó Maria Conga. Quase todas as mulheres escravas se transformavam em mães; cuidavam das crianças que chegavam à fazenda sem saber para onde foram enviados os seus pais, rezando para que seus próprios filhos também encontrassem alento aonde quer que estivessem.
Os orixás africanos, desempenhavam papel fundamental nesta época. Diferentes nações africanas que antes guerreavam, foram obrigadas a se unir na defesa da raça e todos os orixás passaram a trabalhar para todo o povo negro. As mães tomavam conhecimento do destino de seus filhos através das mensagens dos orixás. Eram eles que pediam oferendas em momentos difíceis e era a eles que todos recorriam para afastar a dor. Vovó Maria Conga para deixar de ser uma reprodutora passou a se utilizar de algumas ervas, e pelo fato de ser uma escrava forte, foi enviada para a plantação de cana, onde a colheita era sempre motivo para muito trabalho e uma espécie de algazarra contagiava o lugar, pois as mulheres cortavam a cana e as crianças, em total rebuliço, arrumavam os fardos para que os escravos os carregassem até o local indicado pelo feitor.
Foi numa dessas ocasiões que Maria Conga soube que um dos seus filhos, afastado dela ainda no período de amamentação, tinha se tornado um escravo forte e trabalhava numa fazenda próxima. Então o amor falou mais forte e seu coração transbordou de alegria e nada poderia dissuadi-la da ideia de revê-lo. Passou Maria Conga a escapar da fazenda, correndo de sol a sol, para admirar a beleza daquele forte negro. Nas primeiras vezes não teve meios de falar com ele, mas os orixás ouviram suas súplicas e não tardou para que os dois pudessem se abraçar e derramar as lágrimas por tanto tempo contidas.
Parecia a ela que eles nunca tinham se afastado, pois o amor os mantivera unidos por todo o tempo. Certa tarde, quase chegando na senzala, à negra foi descoberta. Apanhou bastante, foi acorrentada, mas sempre conseguia passar os seus pés pelos grilhões e não deixou de escapar novamente para reencontrar seu filho. Mais uma vez os brancos a pegaram na fuga, novamente a acorrentaram com os grilhões nos pés e como ela ainda insistisse uma terceira vez resolveram encerrar a questão: queimaram sua perna direita, um pouco acima da canela, para que ela não mais pudesse correr.
Impossibilitada de ver o filho, com menor capacidade de trabalho e locomoção, Maria Conga começou o seu lamento de dor e passou a cuidar das crianças negras e de seus doentes. De repente, Maria Conga foi encontrada calada, triste, com o coração cheio de tristeza ao saber que seu filho tinha sido morto quando tentava fugir para vê-la. Seu comportamento mudou e de alegre e tagarela passou a ser muito séria, mas sempre cuidava dos escravos doentes e de outros negros que vinham procurar o seu conselho e contava histórias de reis negros para as crianças, de outras terras além mar, onde não havia escravidão.
Um dia os escravos ao procurar pela Vovó Maria Conga dentro da senzala, estranharam o seu sono sereno e o seu semblante alegre ao dormir. Como o sol rompeu e a escrava não acordava os escravos a foram chamar, foi onde houve a surpresa, não encontraram o corpo, pois Maria Conga desencarnou e não mais estava neste plano terrestre, pois Orumilá a havia resgatado, para se tornar mais uma estrela da sua constelação. De nada adiantou os feitores açoitarem os escravos, pois os mesmos não sabiam como explicar o sumiço da escrava Maria Conga. Então os escravos passaram a adorar como uma santa e toda vez que necessitavam das suas curas , entoavam:
Brilhou uma estrela no céu
Oxalá mandou Maria Conga na terra
E lá no mar as ondas batiam, saravando a preta velha Maria Conga da Bahia.”
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